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Número de queimadas no primeiro semestre de 2022 foi pouco superior ao registrado no país na primeira metade de 2021 | MATEUS MORBECK/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O primeiro semestre no Brasil registrou mais queimadas que no mesmo período do ano passado, apontam dados de monitoramento por satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Nos primeiros seis meses do ano, o país teve 22.670 focos de calor identificados mediante monitoramento por satélite contra 22.231 no mesmo período do ano passado.

O estado do Amazonas anotou 368 focos de calor observados por satélite no primeiro semestre de 2022, número acima dos 224 da primeira metade do ano passado. No Mato Grosso, foram 6840 focos nos primeiros seis meses de 2022 contra 5540 do primeiro semestre de 2021. Já no Pará, outro estado que nos últimos anos experimentou uma elevação significativa dos focos de calor por desmatamento, a primeira metade de 2022 registrou 1124 focos, número abaixo dos 1223 do primeiro semestre de 2021. Os focos de calor aumentaram também em Tocantins e Maranhão.

Os focos de calor são monitorados pelo Centro de Pesquisa do Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais mediante análise das imagens de diferentes satélites (NOAA, GOES, AQUA, TERRA e METEOSAT) que rastreiam a superfície terrestre diariamente ou várias vezes por dia.

Foco de calor é qualquer temperatura registrada pelos satélites acima de 47°C. Isso quer dizer que a relação de um foco de calor versus queimada não é direta nas imagens de satélite.  Ou seja, nem sempre um foco de calor vem a ser uma queimada. Um foco indica a existência de fogo em um elemento de resolução da imagem (pixel), que varia de 375 m x 375 m até 5 km x 4 km, dependendo do satélite. Neste pixel pode haver uma ou várias frentes de fogo ativo distintas que a indicação será de um único foco ou ponto, explica o INPE.


E a instituição ainda esclarece que as contagens de focos são excelentes indicadores da ocorrência de fogo na vegetação e permitem comparações temporais e espaciais para intervalos maiores que 10 dias. Mas não devem ser consideradas como medida absoluta da ocorrência de fogo, que certamente é maior do que a indicada pelos focos.

Mesmo que as indicações de focos não sejam sempre queimadas é importante saber que elas aumentaram e isso se deve, em parte, excluindo causas humanas, à falta de chuva e a umidade relativa do ar que persiste muito baixa em todo o Centro-Oeste do Brasil.

Mato Grosso tem clima seco em praticamente metade do ano e a vegetação se torna mais propensa a pegar fogo, às vezes devido a raios ou descargas elétricas que podem ocorrer mesmo sem chuva.  Entretanto, segundo o artigo de Renata Libonati e colaboradores, publicado na Nature, a causa das queimadas é mais frequentemente relacionado ao homem, já que os raios são raros na época seca.

Então as queimadas são causadas por curtos de cabos de energia, queima de lixo e madeira de cercas de gado, uso de fogo para evitar ataques de abelhas na coleta de mel e acidentes de carro e máquinas agrícolas danificadas. O artigo cita também que os pecuaristas queimam a paisagem para remover arbustos e estimular o crescimento de gramíneas nativas que são adaptadas ao fogo e brotam após poda ou queima.

Esses incêndios ficam regularmente fora de controle, especialmente em áreas onde não há sistema para gerenciá-los. O estado do Mato Grosso sofre com incêndios florestais há anos e há maiores registros de focos de calor desde 1998, especialmente no bioma Pantanal, quando se iniciou o monitoramento pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Em 2020, 27% do Pantanal ardeu no pior ano de fogo no bioma.

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