Não foi só neve e gelo que apareceram em São José dos Ausentes nesta semana. Nuvens também fizeram a sua parte. No fim da tarde da terça-feira (23), o colaborador Eduardo Augusto Silva fotografou uma nuvem lenticular sobre a paisagem dos Campos de Cima da Serra. Naquele momento, a estação do Instituto Nacional de Meteorologia em Ausentes registrava 1,2ºC.


As nuvens lenticulares se formam e se transformam continuamente num mesmo ponto à medida que o ar ascende na atmosfera sobre morro ou montanha, condensando-se e produzindo a nuvem. Por isso são comuns em áreas de relevo. Estão assim, associadas, a ondas na atmosfera que se desenvolvem quando o ar relativamente estável ascende rapidamente ao encontrar uma barreira topográfica perpendicular à direção do vento soprando em altos níveis da atmosfera. As nuvens lenticulares são mais comuns no inverno porque o vento em níveis mais altos da atmosfera geralmente é mais forte. Na história da ufologia, muitas vezes foram confundidas com discos voadores pelo seu aspecto semelhante, tanto que são conhecidas também como nuvens UFO (OVNI em Inglês). Neste ano, em abril, houve uma linda aparição de nuvens lenticulares no Vale do Sinos, aqui na Grande Porto Alegre, em consequência do vento forte que soprava e encontrou o relevo da Serra.


Havia vento muito forte em altura na tarde em que o Eduardo Silva registrou a nuvem lenticular em Ausentes. A corrente de jato polar havia alcançado o Sul do Brasil. Dados da sondagem do Aeroporto Salgado Filho das 21h de terça-feira indicaram vento de 101 nós (187 km/h) a 12 mil metros de altitude. Já a sondagem por balão feita na mesma hora em Florianópolis (reprodução) acusou vento acima de 100 nós entre 9 mil e 12 mil metros de altitude com 125 nós (231/ km/h) a 9800 metros.