Cidade do Rio de Janeiro vem desde ontem sofrendo com alagamentos e precipitação passa de 300 mm em alguns pontos | COR-RIO/Divulgação

O Rio de Janeiro voltou a entrar em estágio de alerta na noite desta sexta-feira por chuva forte na cidade. É a segunda vez em menos de 24 horas que o Centro de Operações da Prefeitura do Rio coloca a capital fluminense no nível de alerta por intensas precipitações.

De acordo com o centro, o risco de deslizamentos de terra era alto às 20h na baía da Guanabara e na zona Sul. O risco era médio na baía de Sepetiba e na Barra/Jacarepaguá.

Conforme dados do Alerta-Rio, a chuva acumulada nas últimas 24 horas na cidade do Rio de Janeiro, até 20h desta sexta-feira, atingia 306 mm em Guaratiba, 248 mm na Grota Funda, 226 mm na Tijuca, 222m no Alto da Boa Vista, 201 mm na Rocinha, 199 mm no Jardim Botânico, 180 mm na Tijuca, 150 mm em Santa Teresa e Sepetiba, 140 mm na Barra, 138 mm nas Laranjeiras, 126 mm no Recreio dos Bandeirantes, 122 mm no Grajaú, 116 mm em Copacabana, e 107 mm em São Cristovão.

A chuva muito volumosa e por vezes localmente intensa na cidade do Rio de Janeiro desde ontem não surpreende e havia alerta da MetSul para o risco de chuva forte no litoral de São Paulo e no estado do Rio, onde os acumulados superam 300 mm em alguns pontos.

O motivo está na atuação de uma frente fria na costa do Sudeste do Brasil e, especialmente, o aporte de umidade do oceano com uma forte massa de ar frio interagindo com o relevo da capital fluminense e da Serra do Mar no litoral de São Paulo que produz chuva de natureza orográfica.

O que é isso? É precipitação induzida pelo relevo. Umidade que vem do oceano, trazida por vento do quadrante Sul a Leste, em razão de uma massa de ar frio de trajetória oceânica e que atua na costa do Sul do Brasil, ao encontrar a barreira do relevo da Serra, ascende na atmosfera e encontra temperatura mais baixa.

Isso leva à condensação e à ocorrência de chuva induzida pelo relevo. Episódios de chuva orográfica são de alto risco porque costumam trazer acumulados de precipitação muito altos e que não raro até acabam superando as projeções dos modelos numéricos. Os volumes em alguns casos são extraordinariamente altos com grave perigo de inundações repentinas e deslizamentos de terra.

A cidade do Rio de Janeiro tem um histórico de eventos de chuva extrema em março e abril por esse tipo de situação em que infiltração de umidade marítima por massa de ar frio no oceano traz acumulados extremos. As dez maiores medições de chuva em 24 horas na rede do AlertaRio ocorreram todas no mês de abril. Os eventos ocorreram em 6/4/2010, 9/4/2019 e 26/4/2011. A maioria teve acumulados superiores a 300 mm em 24 horas.

O risco de chuva muito volumosa e excessiva persiste neste fim de semana com a manutenção da instabilidade, o que fará com que os acumulados de precipitação na cidade do Rio de Janeiro já excepcionalmente altos se elevem ainda mais. Com a persistência da chuva e em alguns momentos forte a torrencial, o risco de deslizamentos de terra se tornará crítico com o solo já saturado pela chuva volumosa desta sexta e do final da quinta-feira.