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Neve com metros de acumulação interrompe há dez dias a principal passagem rodoviária entre Chile e Argentina, a passagem internacional Cristo Redentor, nos Andes. O local é muito usado para o transporte de carga internacional e é utilizado por muitos caminhoneiros do Brasil que levam produtos entre os dois países.

A passagem internacional Cristo Redentor, que liga Mendoza ao Chile pela Ruta Nacional 7, continuará fechada neste domingo e ainda amanhã, uma vez que as tarefas de liberação continuam sendo realizadas devido à tempestade de neve que atinge a área, informaram fontes oficiais.

A decisão foi tomada considerando que os trabalhos de remoção da neve seguem no lado do Chile, informou a coordenação argentina em comunicado, em que destacou que “o objetivo principal é a transitabilidade segura do corredor internacional”.

Somente na Área de Controle Integrado, localizada na localidade de Uspallata existem cerca de 250 caminhões documentados e a documentação dos trâmites aduaneiros deixou de ser realizada até que seja retomada a circulação pelo corredor internacional. Há ainda outros milhares de caminhões aguardando em postos de gasolina, albergues e outros pontos de várias cidades.

Foi montada uma cozinha de campanha que permite entregar rações quentes aos motoristas parados há dias em Uspallata à espera da liberação da passagem entre a Argentina e o Chile, informou a Gendarmaria Nacional da Argentina.

O trânsito foi fechado há dez dias e a decisão foi tomada entre as duas coordenações nacionais devido a “uma frente meteorológica adversa e prolongada”, detalharam as autoridades em comunicado. Há ainda um metro e meio de neve em alguns pontos, o que dificulta a liberação.

A passagem Cristo Redentor pode ficar por mais tempo ainda, já que há previsão de mais instabilidade neste começo de semana e de uma possível frente fria a partir da próxima quarta-feira que provocaria novas nevascas no setor andino.

Dois rios atmosféricos e uma frente fria atingiram o Chile nos últimos dias com acumulados de precipitação extremos e inundações. Na Cordilheira, nos pontos altos, a umidade se converteu em neve que caiu em grande quantidade e que acumulou até cinco metros em alguns pontos.

Violenta nevasca atingiu os Andes há dez dias | PASOS FRONTERIZOS DE CHILE

Neve de metros em Las Cuevas, Mendoza, Argentina | VIALIDAD NACIONAL

Muita neve ainda no lado chileno | PASOS FRONTERIZOS DE CHILE

Metros de neve caíram na Alta Cordilheira | PASOS FRONTERIZOS DE CHILE

A tempestade que atingiu o Centro e o Sul do Chile causou ao menos três mortes e deixou mais de 34 mil pessoas isoladas. A ministra do interior do Chile afirmou que “a magnitude do episódio que enfrentamos causou enormes danos, danos que hoje afetam milhares de homens e mulheres chilenos”.

O mau tempo deixou mais de meio milhão de pessoas sem energia elétrica em todo o país, concentrados nas regiões O Higgins, Maule e Metropolitana de Santiago. O Ministério da Educação do Chile reportou 357 estabelecimentos de ensino atingidos pelas chuvas, dos quais 10 apresentaram grandes danos. Houve a suspensão das aulas em 67 municípios do país, o que prejudicou cerca de 60 mil crianças em idade escolar e 8 mil alunos do ensino pré-escolar.

Deslizamento de terra em Valparaíso | FRANCESO GASPERI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O governo chileno declarou estado de catástrofe em três regiões e emergência agrícola em 117 municípios. O presidente Gabriel Boric manifestou a intenção do Executivo de distribuir a ajuda o mais rapidamente possível porque “há pessoas que foram atingidas duas vezes”, referindo-se à tempestade ocorrida em junho passado.

Em encontro com a imprensa na última segunda-feira no município de Linares, o presidente chileno sublinhou que “estes fenômenos climáticos vão ser cada vez mais frequentes e não podemos apenas reagir, mas também adaptar-nos. Isso significa mudanças substanciais na forma como entendemos o território”.