Mais de três mil caminhões não conseguem seguir viagem pelos Andes com vários dias seguidos de neve intensa e a previsão de mais fortes nevascas | GENDARMERIA NACIONAL

O Serviço Meteorológico Nacional da Argentina (SMN) emitiu um alerta laranja de acumulados diários de até um metro para a Cordilheira dos Andes, na província de Mendoza. De acordo com o órgão oficial meteorológico nacional argentino, as nevascas serão frequentes nos próximos dias em grande parte dos Andes entre os territórios da Argentina e do Chile, afetando diversas províncias.

A neve faz a alegria dos turistas na região. Além de Mendoza, há previsão de fortes nevadas em Neuquén. Com uma ocupação de 95% e uma média de 60 centímetros de neve acumulada, o centro de esqui de Las Leñas, vive uma temporada de inverno como há anos não tinha. Ao contrário do início da temporada (junho) em que apenas uma das três pistas de esqui do centro turístico estava funcionando, atualmente as três pistas estão totalmente operacionais.

As autoridades que coordenam a passagem internacional Cristo Redentor, entre Argentina e Chile, anunciaram que as alfândegas permanecerão fechadas nesta quinta-feira devido à intensa queda de neve que está ocorrendo nas altas montanhas. No último fim de semana, após a abertura de uma janela de bom tempo, centenas de pessoas ficaram retidas em meio a uma intensa nevasca na cordilheira.

No momento, há mais de 3.500 caminhões esperando de Uspallata a Desaguadero (fronteira com San Luis) para cruzar da Argentina para o Chile, mas não conseguem avançar para o destino pela enorme quantidade de neve que cai nos Andes e a persistência das nevascas que fecham os postos de imigração e aduana entre os dois países.

Sob um clima hostil, com 10ºC abaixo de zero, cerca de 400 pessoas ficaram presas na noite de sábado em carros, ônibus e caminhões na rota internacional que liga a Argentina ao Chile através de Mendoza. Foi a consequência de uma intensa tempestade de neve e vento branco que se registrou em ambos os lados da Cordilheira dos Andes e que causou o fechamento da passagem internacional Cristo Redentor.

EXÉRCITO DA ARGENTINA/DIVULGAÇÃO

EXÉRCITO DA ARGENTINA/DIVULGAÇÃO

Foram horas de drama e angústia na Cordilheira dos Andes. Devido à complexidade da situação, foi formado um comitê de crise, formado pela Gendarmaria Nacional, o Exército, a Polícia de Mendoza e pessoal do Município de Las Heras. Com uma patrulha de resgate trabalharam até o final da tarde do domingo para evacuar as pessoas retidas e liberar a rota internacional.

Entre as centenas de pessoas presas na nevasca do fim de semana, estavam 34 gaúchos. Eles foram transportados na tarde da terça-feira para cidade próxima da Aduana Paso Internacional Los Libertadores. “Estamos dentro do caminhão do Exército saindo em direção à parte baixa da Cordilheira do Andes”, disse um dos turistas, Gerson Henrich da Silva, à Rádio Guaíba. Os moradores de Teutônia e Estrela, no Vale do Taquari, que viajaram ao local a turismo, ficaram impedidos de se locomover devido à forte nevasca que bloqueou o tráfego rodoviário.

Segundo Silva, por três dias, o grupo dormiu no ônibus. “Continuamos dormindo no ônibus. Estamos bem, quentinhos, com alimentação. Como a situação é bastante precária, vamos para um alojamento do Exército. Dali, a agência de viagens ficou de nos buscar e nos levar para um hotel em Santiago do Chile”, atualizou o turista. “Não há outro caminho pra voltar pra casa a não ser esse”, explicou ele, com preocupação.