Imagem de 28 de abril de 2011 mostra o ônibus espacial Endeavour na plataforma de lançamento 39A enquanto tempestade atinge o Kennedy Space Center em Cabo Canaveral, na Flórida. BILL INGALLS/NASA/AFP/ARQUIVO

Cabo Kennedy, por estar no estado norte-americano da Flórida, está acostumando com raios pelas tempestades frequentes que atingem a região de clima quente e úmido na maior parte do ano e que sofre ainda às vezes com tornados e furacões. A NASA, contudo, jamais tinha visto um raio tão intenso em seu principal centro de lançamentos e que por décadas foi utilizado para o lançamento dos ônibus espaciais e os foguetes do programa Apollo.

A agência espacial norte-americana divulgou detalhes de um impressionante raio perto do seu foguete que poderia ter significado grandes problemas não fosse pelo sistema de proteção contra raios da agência na plataforma de lançamento 39B. Em 2 de abril, tempestades cercaram Cabo Canaveral e alcançaram ao menos quatro vezes o perímetro da plataforma onde estava o foguete Artemis I.

A NASA diz que pelo menos um dos raios estava carregado positivamente, o que significa que era mais poderoso do que a típica descarga nuvem-solo. “Houve uma tremenda quantidade de energia que foi transferida por este evento positivo”, disse o Dr. Carlos Mata, tecnólogo chefe da Scientific Lightning Solutions, em um comunicado. “Após mais de 30 milissegundos, ainda tínhamos quase 3.000 amperes fluindo pelo solo. Este evento em particular cai naquela pequena porcentagem – menos de 1% – que você simplesmente não espera que aconteça”, explicou.

A agência espacial diz que os raios positivos representam menos de cinco por cento de todas as descargas nuvem-solo e esse raio em particular teve mais energia do que linha de transmissão de alta tensão que alimenta uma cidade inteira ao comentar sobre a grande intensidade do raio observado na plataforma 39B.

“Você projeta coisas para suportar certos níveis de energia, mas nesta atividade você não pode testá-lo para ter certeza de que ele faz o que você espera que ele faça, você tem que esperar que a Mãe Natureza o teste para você. E a Mãe Natureza colocou isso à prova”, disse Mata.

“Uma vez que começamos a analisar os dados e percebemos que o sistema fez o que o projetamos para fazer, acho que não consigo descrever como me senti, sabendo que não decepcionamos ninguém, que fizemos nossa parte e certo”, concluiu.

A agência disse que toda a energia imensa da descarga atmosférica viajou com segurança pelos fios do sistema de proteção de raios até o solo. Apesar da tremenda energia, a agência diz que não houve danos ao foguete do Sistema de Lançamento Espacial ou à espaçonave Orion. O evento de abril foi apenas a segunda vez que descarga positiva foi registrada no Centro Espacial Kennedy desde o começo dos registros.

Salvo qualquer imprevisto como uma tempestade ou problemas técnicos, a NASA planeja repetir o importante ensaio com o foguete no final de junho. A agência admite que ficará de olho no clima, o que causou problemas para as operações no passado. Se a NASA puder evitar problemas da Mãe Natureza, a equipe da missão espera terminar o ensaio geral com a ambição de lançar o foguete durante o final do verão norte-americano ou no início do outono.