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NASA/ARQUIVO

O furacão Milton, um dos mais intensos da história no Oceano Atlântico, atingiu ventos sustentados na segunda-feira de 290 km/h com rajadas de 320 km/h. A sua pressão atmosférica central caiu a 897 hPa, a menor nos últimos 20 anos em um ciclone na bacia do Atlântico, e somente superada nas últimas décadas por Wilma em 2005 com 882 hPa; Gilbert em 1988 com 888 hPa; e Rita em 2005 com 895 hPa.

A intensidade monstruosa de Milton fez com que atingisse o topo dos furacões mais intensos da categoria 5, o máximo da escala Saffir-Simpson dos furacões. Experts em ciclones tropicais descreveram que Milton atingiu intensidade tão violenta quanto pode chegar um furacão por limites físicos da atmosfera na região, a chamada máxima intensidade potencial.

Isso acabou por gerar um grande debate sobre a introdução na escala dos furacões de uma nova categoria, a 6, já que as mudanças climáticas intensificam eventos climáticos extremos. Mas esse é um tema extremamente polêmico e controverso na comunidade meteorológica, especialmente entre os experts em ciclones.

Processos de rápida intensificação de ciclones tropicais e o potencial destrutivo enorme das tempestade reacenderam o debate nas mídias sociais sobre se deve ou não introduzir uma sexta categoria na escala Saffir-Simpson usada pelo National Hurricane Center (Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos) para os furacões no Atlântico e no Pacífico Leste.

No início deste ano, dois pesquisadores do Lawrence Berkeley National Laboratory e do Space Science and Engineering Center argumentaram que os impactos intensificados das mudanças climáticas podem em breve forçar a adição de uma sexta categoria de furacão para descrever tempestades com velocidades do vento acima de 192 mph (308 km/h).

Os cientistas Michael Wehner e James Kossin argumentaram que a ampliação da escala atual se tornou “cada vez mais problemática para transmitir o risco do vento em um mundo em aquecimento” e alertaram que tempestades intensas provavelmente se tornarão mais comuns à medida que as mudanças climáticas pioram.

O National Hurricane Center disse em fevereiro que não tem planos de adicionar uma categoria 6 à sua escala de furacões. Vários meteorologistas argumentam que não há evidências de que adicionar uma sexta categoria “melhoraria a preparação das pessoas ou a tomada de decisões”.

Liz Ritchie-Tyo, professora de ciências atmosféricas na Universidade Monash da Austrália, escreveu em um ensaio para o site The Conversation que “com base no entendimento de que ventos de categoria 5 e acima levam a resultados catastróficos, é difícil ver como adicionar uma categoria 6 ajudaria o público. Se uma categoria 5 significa ‘esperar consequências catastróficas’, o que significaria a categoria 6?”.

Outros especialistas em clima defendem que as categorias de velocidade do vento devem ser menos enfatizadas, sustentando que elas não transmitem adequadamente os impactos potenciais mais amplos de um furacão, como inundações no interior do continente.

O pior impacto de Helene dias atrás ocorreu quando o ciclone já havia sido rebaixado do status de furacão para tempestade tropical (ventos abaixo de 120 km/h), mas trazendo chuva extrema que causou inundações catastróficas e deslizamentos de terra no interior do continente que causaram mais de 200 mortes.

Mas, mesmo se tempestades de categoria 6 existissem, Milton não seria uma delas. A velocidade máxima sustentada do vento da tempestade era de 180 mph (290 km/h) na noite de segunda-feira, assim 12 mph (19,3 km/h) a menos do que é proposto pelos pesquisadores que defendem uma categoria 6.

Mas, ao longo das últimas décadas, quantas tempestades preencheram este critério de um furacão (hoje inexistente) de categoria 6? Dessas, apenas uma ameaçou a América do Norte. O furacão Patrícia atingiu o México como um furacão de categoria 4 em 2015 e antes de tocar terra se tornou a tempestade mais forte já registrada no hemisfério ocidental, com ventos de 215 mph (346 km/h). As outras quatro tempestades ocorreram no Pacífico Ocidental, onde os ciclones tropicais são identificados como tufões e a escala Saffir-Simpson não é usada.

As mudança climáticas não levaram a uma diferença marcante no número de furacões que atingem os Estados Unidos a cada ano, mas foi responsabilizada por intensificar aqueles que se formam.

Temperaturas mais altas da superfície do mar permitem uma evaporação mais intensa, o que permite que tempestades avançando sobre águas quentes recebam mais vapor de água e calor, levando a mais chuvas e ventos mais fortes.

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