Três pessoas morreram em Mianmar na passagem do ciclone Mocha pela região Oeste do país e no vizinho Bangladesh, informou a junta militar birmanesa nesta segunda-feira. A agência de notícias da junta afirma em um comunicado que “três pessoas morreram e alguns moradores ficaram feridos” na tempestade. Duas vítimas fatais foram registradas no estado de Rakhine e outra na região de Ayeyarwady .

Moradores passam por árvores caídas em Kyauktaw, no estado de Rakhine, em Mianmar, nesta segunda, depois que o ciclone Mocha atingiu a costa. O ciclone Mocha chegou a Mianmar e ao Sudeste de Bangladesh ontem, arrancando árvores, destruindo casas frágeis em campos de refugiados rohingya e trazendo uma maré de tempestade para áreas baixas. | SAI AUNG MAIN/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O ciclone Mocha, que atingiu a categoria 5 (a máxima), atingiu no domingo as costas de Mianmar e Bangladesh, no Golfo de Bengala, sem provocar muitos danos aos grandes campos de refugiados, como se temia, mas provocando uma grande tempestade no Oeste birmanês.

Mocha atingiu a região entre as cidades de Cox’s Bazar (em Bangladesh) e Sittwe (Mianmar), com ventos de até 195 km/h, a maior tempestade a afetar o golfo em mais de uma década. No final do domingo, a tempestade já havia passado em grande parte, segundo os correspondentes da AFP. A agência meteorológica da Índia afirmou que o fenômeno perderia força ao atingir as colinas no interior de Mianmar.

Os ciclones tropicais intensos, chamados de furacões no Atlântico e tufões no Pacífico Oeste, são ameaça frequente e mortal para a costa Norte do Oceano Índico, onde moram dezenas de milhões de pessoas. Em 2008, o ciclone Nargis devastou o Delta do Irrawaddy em Mianmar e matou pelo menos 138 mil pessoas.

Entre 400 e 500 abrigos improvisados foram danificados nos acampamentos que acolhem quase um milhão de refugiados muçulmanos rohingya em Cox’s Bazar, mas nenhuma vítima foi relatada, disse o comissário de refugiados, Mizanur Rahman.

Kamrul Hasan, responsável pela gestão de desastres, afirmou que o ciclone não causou “grandes danos” em Bangladesh, onde as autoridades deslocaram 750.000 pessoas antes da tempestade. As comunicações com a cidade portuária de Sittwe, cujas ruas se transformaram em rios quando a tempestade começou, ficaram praticamente cortadas, segundo jornalistas da AFP.

O vento destruiu casas feitas de bambu e lona em um acampamento de refugiados rohingya em Kyaukphyu, no estado birmanês de Rakhine, enquanto os moradores observavam, preocupados, a elevação da maré.

No sábado, os moradores de Sittwe colocaram seus pertences e animais de estimação em carros, caminhões e outros veículos, em busca de terrenos mais altos, observaram jornalistas da AFP no local.

Refugiados rohingya foram retirados de “zonas de risco” e levados para centros comunitários, enquanto milhares de pessoas fugiram da ilha turística de Saint Martin, localizada na trajetória prevista do ciclone. A tormenta arrancou centenas de árvores na ilha, segundo o vereador Noor Ahmed, “mas não nos informaram de mortes. Duas pessoas ficaram feridas, atingidas por árvores”.