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Guaíba registra a maior cheia em 82 anos | CÉSAR LOPES/PMPA

O nível do Guaíba, em Porto Alegre, estava em 3,45 metros às 10h da manhã desta terça-feira e subiu ainda mais nas últimas horas. Na primeira hora do dia, o nível medido na régua do Cais do Porto foi de 3,40 metros, ou seja, ao longo da madrugada e do começo da manhã se elevou ainda em cinco centímetros. A cota atual é a maior desde maio de 1941 e supera em quase 30 centímetros a da enchente de setembro.

A MetSul Meteorologia projeta que o Guaíba está perto do ponto de estabilização, o que se espera para as próximas horas, com base em avaliação dos níveis dos rios que desembocam no Delta do Jacuí e nas condições meteorológicas desta terça-feira.

A grande onda de vazão dos rios Taquari e Caí já alcançou a área de Porto Alegre e foi responsável pela grande elevação do final do domingo e registrada ao longo da segunda. Os dois rios, entretanto, já baixam em toda a sua extensão, até o desague no Jacuí ou no seu delta na área da capital. O Jacuí, por outro lado, ainda sobe entre o Centro do estado e a capital, mas a cheia é menor que a de setembro.

Todos os rios que desembocam no Guaíba apresentam cheia e dois deles (Taquari e Caí) registram cheias de grandes proporções e históricas com algumas das maiores cotas já observadas nas duas bacias. Gravataí e Sinos, embora relevantes, têm contribuições menores para as cheias na área de Porto Alegre.

O Rio Taquari atingiu na manhã de domingo no Porto de Estrela 28,94 metros. Trata-se da quarta maior cota em 150 anos de observações e a terceira maior nos últimos cem anos. Somente é superada no último século pelos 29,98 metros de 1941 e os 29,62 metros da enchente de setembro deste ano no vale. Duas das três maiores cheias em um século do Taquari, assim, ocorreram com intervalo de apenas três meses (setembro e novembro de 2023).

Já o Rio Caí alcançou no domingo 9,01 metros em Montenegro, segunda maior cota desde 1940, conforme dados do Serviço Geológico Brasileiro (CPRM). Cota só é superada pela marca de 9,20 metros da enchente de 1941. Em São Sebastião do Caí, o rio atingiu a marca de 16 metros, a maior desde que a prefeitura local tem registros. Duas das três maiores enchentes no Vale do Caí desde 1940, portanto, se deram neste ano (junho e novembro).

Uma vez estabilizado nas próximas horas, o Guaíba deve iniciar uma tendência de baixa com a menor vazão dos rios alcançando a área da capital. Por outro lado, a vazão vai seguir acentuada, o que vai manter o nível do Guaíba muito alto nos próximos dias e em cota de cheia.

A chuva prevista para esta quarta em Porto Alegre, embora possa ser forte em algum momento, não terá grande impacto no Guaíba. O que preocupa é a perspectiva de vento Sul. O vento no Norte da Lagoa dos Patos vai passar a soprar do quadrante Sul entre a tarde e a noite desta quarta-feira no momento em que o Guaíba estiver baixando. O vento Sul pode interromper a trajetória de baixa e levar a uma nova elevação temporária.

Em enchentes passadas, sob forte a intenso vento do quadrante Sul de até 80 km/h, em especial sob ciclones, a ventania foi capaz de elevar o Guaíba em até 30 cm a 50 cm. Foi o que se viu na enchente de setembro deste ano.

Desta vez, o vento Sul não será tão forte no Norte da Lagoa. Assim, haverá efeito de represamento que pode levar a uma nova curva de alta que interromperia a de baixa, mas não se espera repique na proporção de setembro, quando o vento Sul era muito intenso. Como quando o vento Sul chegar o Guaíba estará altíssimo ainda, o cenário é preocupante.

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