Escrevi no fim de semana que os prognósticos para o furacão Melissa chegavam a dar um nó no estômago e desde então o cenário apenas piorou com a tempestade testando os limites da Física ao atingir intensidade no limite quase máximo que um furacão pode alcançar nesta época do ano no Atlântico.

JESSE FERREL/WEATHER MATRIX/ACCU WEATHER
Agora, o que se temia vai acontecer. Um furacão de categoria 5, o máximo da escala, vai cruzar um país inteiro de 3 milhões de habitante de Norte para Sul com todo o seu poder destrutivo e as consequências serão trágicas.
É possível dizer sem exagero que a destruição será inimaginável nas áreas próximas e sob a parede central do olho na Jamaica. Rajadas de vento de 300 km/h a 350 km/h vão atingir uma extensa área, infligindo danos que se vê em tornados F4 e F5, mas com a diferença que danos em tornados no topo da escala se dão em um área muito pequena e localizada enquanto neste furacão ocorrerão em uma área extensa.
O nível de devastação será tamanho em parte da Jamaica que algumas localidades podem ser varridas do mapa. Se tornarão inabitáveis por anos. Não à toa o NHC, o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos está alertando para o risco de colapso estrutural total. É linguagem formal e técnica para dizer que em alguns pontos tudo será destruído e nada vai sobrar em pé.
Além do vento absurdamente extremo, Melissa trará quantidades de chuva imensas que vão passar de 1000 mm em alguns pontos, gerando inundações catastróficas e grandes deslizamentos que podem soterrar vilarejos e partes de pequenas cidades inteiras nas áreas de relevo. Na costa, gerará uma maré de tempestade que avançará sobre terra como se fora um tsunami com metros de altura.
Melissa não é qualquer tempestade. É um furacão que entrará para os livros de história, tal sua intensidade e o comportamento da sua formação com lentíssimo deslocamento sob águas muito mais quentes do que deveria estar no Caribe pelas mudanças no clima.
Melissa se junta a um dos mais infames nomes da história dos ciclones tropicais do Atlântico. A intensidade dos furacões nos rankings é medida não pelo vento, mas por quão baixa é a sua pressão central, o que faz de Melissa um dos mais violentos e intensos furacões já vistos na bacia do Atlântico.
A pressão central do furacão Melissa caiu para 901 milibares, tornando-o o sexto furacão mais intenso já registrado no Atlântico desde que as medições de pressão passaram a ser feitas de forma consistente em 1979.
Essa queda coloca Melissa entre os ciclones mais poderosos da história moderna, ao lado de sistemas como Wilma, em 2005, que atingiu 882 mb; Gilbert, em 1988, com 888 mb; Milton, em 2024, e Rita, em 2005, ambos com 895 mb; e Allen, em 1980, com 899 mb.
Para se ter ideia de quão violenta é a tempestade, a pressão de hoje de manhã de 901 mb deixa Melissa logo à frente de Katrina, que em 2005 alcançou 902 mb, e reforça o caráter extremo e potencialmente devastador da tempestade.
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