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Quatro pessoas na Flórida e uma pessoa no Texas estão sendo tratadas por malária adquirida localmente, disse o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC). A enfermidade é incomum no país e ocorre no momento em que os estados do Sul norte-americano enfrentam uma brutal onda de calor.

OLYMPIA DE MAISMONT/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A onda de calor e as tempestades com recordes se dão com intensidade que os especialistas atribuem às mudanças climáticas que segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) poderia exacerbar surtos transmitidos por mosquitos.

A malária é uma doença transmitida por picadas de mosquito que causa sintomas semelhantes aos da gripe e pode ser fatal se não for tratada. O risco de contrair malária nos Estados Unidos é extremamente baixo. O CDC identificou os cinco casos locais de malária nos últimos dois meses e não há “nenhuma evidência” que sugira que os casos estejam relacionados.

Texas e Flórida estão sofrendo ondas de calor de longa duração neste verão, além de tempestades que criam um terreno fértil perfeito para surtos de mosquitos. Os cientistas atribuem a severidade do tempo às mudanças climáticas “induzidas pelo homem”, que causam “aumento da precipitação, temperaturas mais altas e umidade mais alta”, segundo a OMS. A incidência de infecções por malária, que “prosperam em climas subtropicais e tropicais”, cresceu junto com o aumento das temperaturas, segundo a OMS.

O último surto local de malária transmitida por mosquitos nos Estados Unidos foi em 2003, quando oito casos foram identificados na Flórida. Globalmente, os casos de doenças transmitidas por mosquitos estão aumentando, com os dados mais recentes mostrando que “cerca de metade da população mundial está em risco”, segundo a OMS.

Enquanto isso, 5,2 milhões de casos de dengue – uma doença transmitida por mosquito semelhante à malária – foram registrados no mundo. Nova pesquisa da OMS mostra que o calor extremo mesmo em partes mais secas do sul dos Estados Unidos pode estimular a reprodução dos mosquitos tropicais.

O parasita que causa a malária se espalha quando um certo tipo de mosquito, do gênero anopheles, pica uma pessoa infectada, provavelmente começando com alguém que viajou para uma área onde a malária é mais prevalente do que nos Estados Unidos.

“Os mosquitos são capazes de picar essa pessoa, depois se infectar com o parasita e depois picar alguém que não viajou para fora dos Estados Unidos, levando a pessoa a ser infectada, e isso é o que seria considerado um caso local de doença transmitida por mosquito”, explicou Eva Buckner, especialista em entomologia médica da Universidade da Flórida.

Apenas os mosquitos fêmeas picam, porque precisam de uma ‘refeição de sangue’ para produzir ovos. “Alguns mosquitos só se alimentam de sangue uma vez durante o ciclo de postura dos ovos. Mas há algumas espécies que vão tirar sangue várias vezes durante esse ciclo de produção de ovos”, esclareceu.

À medida que as temperaturas aumentam devido às mudanças climáticas, o comportamento do mosquito muda. “Em geral, a maioria dos mosquitos gosta dessas temperaturas mais altas. Então, se as temperaturas estão elevadas, isso pode potencialmente permitir que sua distribuição se expanda, o que pode levar a um aumento nos casos de doenças transmitidas por mosquitos transmitidos por eles”, destacou.

Malária por mosquitos de Bill Gates é mentira

Os casos de malária desencadearam a teoria de conspiração que o fundador da Microsoft, Bill Gates, seria o culpado pelos casos repentinos nos Estados Unidos pela primeira vez em duas décadas. Ocorre que mosquitos geneticamente modificados, usados em projeto da fundação de Gates, são incapazes de espalhar doenças.

Somente mosquitos fêmeas picam, e estas morrem antes da idade adulta. Além disso, os mosquitos geneticamente modificados foram soltos no condado de Monroe, a quase 300 quilômetros dos casos detectados, bem como na Califórnia. Nenhum foi lançado no Texas, onde foram registrados casos de Malária.

Há alguns anos, Gates fez parceria com a Oxitec – uma empresa britânica que desenvolveu mosquitos geneticamente modificados (GMO) – em um esforço para conter a propagação de doenças transmitidas por mosquitos como zika, dengue e chikungunya.

Mais especificamente, eles usaram a espécie de mosquito Aedes aegypti. Os cientistas modificaram os mosquitos A. aegypti para controlar a população de mosquitos em uma comunidade a fim de reduzir a transmissão de doenças. Só que a malária é transmitida pelo mosquito Anopheles fêmea.

Basicamente, os mosquitos transgênicos são modificados para carregar um gene autolimitante, de modo que, quando acasalam com fêmeas na natureza, suas descendentes fêmeas (que picam) não sobrevivem até a idade adulta e o número de mosquitos na área diminui.