Imaginamos sempre na MetSul Meteorologia que um dia haveria uma enchente em Porto Alegre como em 1941 e que também um dia auroras seriam visíveis nas latitudes médias da América do Sul, na altura do Rio Grande do Sul, mas não imaginamos que seria em nossos tempos de vida e muito menos que os dois fatos ocorreriam em apenas uma semana.
Mas aconteceram. As águas da grande enchente de 2024 seguem castigando o nosso povo gaúcho enquanto o planeta se deslumbra com o que está sendo chamado de a maior aparição de auras dos tempos modernos por uma tempestade solar extrema e que levou as auroras para todos os continentes.
A tempestade solar mais poderosa em mais de duas décadas atingiu a Terra nesta sexta-feira, provocando auroras polares espetaculares e ameaçando possíveis interrupções em satélites e redes elétricas enquanto persistir durante o final de semana. A primeira de várias ejeções de massa coronal, grandes emissões de plasma e campos magnéticos do Sol, alcançou a Terra.
Na noite de sexta, a NOAA categorizou a tempestade geomagnética como “extrema”, a primeira desde que em outubro de 2003 várias delas causaram apagões na Suécia e danos na infraestrutura energética na África do Sul. Espera-se que mais ejeções (CMEs) atinjam o planeta nos próximos dias.
As autoridades pediram aos operadores de satélites, companhias aéreas e responsáveis pelas redes elétricas que tomassem medidas de precaução contra possíveis perturbações causadas por mudanças no campo magnético da Terra. A Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos, no entanto, disse que “não antecipa nenhum impacto significativo no sistema de espaço aéreo do país”.
Ao contrário das erupções solares, que viajam à velocidade da luz e são capazes de alcançar a Terra em oito minutos, as CMEs viajam a um ritmo mais lento, de 800 km por segundo. Os meteorologistas esperam poder precisar melhor o impacto que terão quando estiverem a uma distância de 1,6 milhão de quilômetros.
Os campos magnéticos associados às tempestades geomagnéticas induzem correntes nos condutores longos, incluindo os cabos de energia, o que pode provocar apagões. Também podem ocorrer impactos na comunicação por rádio de alta frequência, GPS, em naves espaciais e satélites. Até mesmo pombos e outras espécies que possuem bússolas biológicas podem ser afetados.
Não se tem notícias de problemas pela tempestade solar extrema, mas as imagens das auroras são incrivelmente belas e surpreendentes pelos locais em que foi avistada. Elas puderam ser vistas nos Estados Unidos até na região de Miami. Surpreenderam no Caribe, como em Cuba e na Jamaica. E, no caso da África, no Norte do continente, na região do Saara.
Absolutely biblical skies in Tasmania at 4am this morning. I’m leaving today and knew I could not pass up this opportunity for such a large solar storm. Here’s the image. I actually had to de-saturate the colours. Clouds glowing red. Insane. Shot on Nikon. Rt appreciated pic.twitter.com/210hlkmoeg
— Sean O' Riordan (@seanorphoto) May 10, 2024
[CUBA] También, se observa la #aurora desde #Cuba via Henry Delgado Manzor @NOAA @NWSSWPC pic.twitter.com/b6Pb5GUqfZ
— Ada Monzón (@adamonzon) May 11, 2024
Northern Lights RIGHT NOW over #KeyLargo Florida, this is insane to see the Aurora Borealis so far south ! pic.twitter.com/iBljm17x82
— Mike Theiss (@MikeTheiss) May 11, 2024
The most beautiful picture of the Northern Lights last night in Algeria 🇩🇿 by the Algerian photographer ShutterSki from Skikda Province 😍 pic.twitter.com/w76Kn7Y1SF
— طقس ومناخ الجزائر (@MeteoMosta68162) May 11, 2024
Na América do Sul, auroras austrais (como são chamadas no Hemisfério Sul) são por demais raras e quando aparecem em raríssimas oportunidades é em Ushuaia, onde a noite o céu ficou rosa e vermelho durante a tempestade geomagnética extrema.
“Ushuaia”
Por las fotos que dejó la increíble aurora boreal en Tierra del Fuego. pic.twitter.com/3FBjvCuEkX
— Tendencias en Argentina (@porqueTTarg) May 10, 2024
¡HISTÓRICO! 🥹🇨🇱
Reportan aurorales australes desde Punta Arenas, región de Magallanes 🇨🇱.
📸 @cesar_quezada
📸 @untuit_sincero
📸 @butniko pic.twitter.com/N0GoNpqCZZ— Red Geocientífica de Chile (@RedGeoChile) May 10, 2024
Ontem de noite, elas não apareceram apenas em Ushuaia. Foram vistas em vários locais do Sul do Chile e em diversas províncias da Argentina, mesmo do Oeste (junto aos Andes), Centro e do Norte do país como Buenos Aires, Córdoba, San Luis e Santiago del Estero.
🔴 AGORA | Aurora austral vista há pouco de Pinamar, na costa da província de Buenos Aires, na Argentina. Incrível, é absolutamente incrível a noite! 📷 @Tiempo_AMBA pic.twitter.com/ZZ9MaYMu3k
— MetSul Meteorologia (@metsul) May 11, 2024
O mais notável é que as auroras puderam ser vistas de diferentes pontos do Uruguai, mas não apenas no Sul, em Montevidéu. O fenômeno gerado pela tempestade solar foi registrado no balneário de Punta del Diablo, que está praticamente na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, no Chuí.
🔴 AGORA | Aurora austral pode ser vista do Uruguai por câmeras fotográficas. Não se tem registro do fenômeno tão ao Norte na América do Sul há mais de um século. Estamos diante de uma noite histórica em atividade solar no planeta. https://t.co/e0Wa2r2EoY
— MetSul Meteorologia (@metsul) May 11, 2024
🔴 AGORA | Aurora austral em La Pedrera, departamento de Rocha, no Uruguai, a somente 100 km do Chuí (Brasil). 📷 Jess Fernandes/@La_Pedrera pic.twitter.com/RUiIf7zw5d
— MetSul Meteorologia (@metsul) May 11, 2024
🔴 AGORA | Aurora austral em Punta del Diablo, Uruguai, poucos quilômetros do Chuí. Não temos imagens, mas o tempo permitindo deve ser possível ver as auroras no Chuí e Santa Vitória do Palmar (Brasil). Jamais imaginamos escrever algo assim. É extraordinário! 📷 @adrianagiglio59 pic.twitter.com/MJKdD1PvPK
— MetSul Meteorologia (@metsul) May 11, 2024
A previsão é que a atividade solar siga enorme nos próximos dias com novas aparições amplas das auroras, mas é difícil dizer que se com a mesma intensidade e abrangência da última noite. Uma grande explosão X5.3 ocorreu no Sol ontem de noite e a ejeção ruma para a Terra.
A maior tempestade solar registrada pela ciência até hoje foi o “Evento de Carrington”, de 1859. Destruiu a rede telegráfica nos Estados Unidos, provocou descargas elétricas e a aurora boreal foi visível em latitudes inéditas, como no Caribe. Hoje, um evento desta natureza seria desastroso para a humanidade porque comprometeria mundialmente equipamentos elétricos.
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