Anúncios

Auroras coloriram o céu de vários países do Hemisfério Sul como Austrália, Nova Zelândia (foto), Argentina, Chile e Uruguai | SANKA VIDANAGAMA/AFP/METSUL METEOROL.OGIA

Imaginamos sempre na MetSul Meteorologia que um dia haveria uma enchente em Porto Alegre como em 1941 e que também um dia auroras seriam visíveis nas latitudes médias da América do Sul, na altura do Rio Grande do Sul, mas não imaginamos que seria em nossos tempos de vida e muito menos que os dois fatos ocorreriam em apenas uma semana.

Mas aconteceram. As águas da grande enchente de 2024 seguem castigando o nosso povo gaúcho enquanto o planeta se deslumbra com o que está sendo chamado de a maior aparição de auras dos tempos modernos por uma tempestade solar extrema e que levou as auroras para todos os continentes.

A tempestade solar mais poderosa em mais de duas décadas atingiu a Terra nesta sexta-feira, provocando auroras polares espetaculares e ameaçando possíveis interrupções em satélites e redes elétricas enquanto persistir durante o final de semana. A primeira de várias ejeções de massa coronal, grandes emissões de plasma e campos magnéticos do Sol, alcançou a Terra.

Na noite de sexta, a NOAA categorizou a tempestade geomagnética como “extrema”, a primeira desde que em outubro de 2003 várias delas causaram apagões na Suécia e danos na infraestrutura energética na África do Sul. Espera-se que mais ejeções (CMEs) atinjam o planeta nos próximos dias.

As autoridades pediram aos operadores de satélites, companhias aéreas e responsáveis pelas redes elétricas que tomassem medidas de precaução contra possíveis perturbações causadas por mudanças no campo magnético da Terra. A Administração Federal de Aviação (FAA) dos Estados Unidos, no entanto, disse que “não antecipa nenhum impacto significativo no sistema de espaço aéreo do país”.

Ao contrário das erupções solares, que viajam à velocidade da luz e são capazes de alcançar a Terra em oito minutos, as CMEs viajam a um ritmo mais lento, de 800 km por segundo. Os meteorologistas esperam poder precisar melhor o impacto que terão quando estiverem a uma distância de 1,6 milhão de quilômetros.

Os campos magnéticos associados às tempestades geomagnéticas induzem correntes nos condutores longos, incluindo os cabos de energia, o que pode provocar apagões. Também podem ocorrer impactos na comunicação por rádio de alta frequência, GPS, em naves espaciais e satélites. Até mesmo pombos e outras espécies que possuem bússolas biológicas podem ser afetados.

Não se tem notícias de problemas pela tempestade solar extrema, mas as imagens das auroras são incrivelmente belas e surpreendentes pelos locais em que foi avistada. Elas puderam ser vistas nos Estados Unidos até na região de Miami. Surpreenderam no Caribe, como em Cuba e na Jamaica. E, no caso da África, no Norte do continente, na região do Saara.

Na América do Sul, auroras austrais (como são chamadas no Hemisfério Sul) são por demais raras e quando aparecem em raríssimas oportunidades é em Ushuaia, onde a noite o céu ficou rosa e vermelho durante a tempestade geomagnética extrema.

Ontem de noite, elas não apareceram apenas em Ushuaia. Foram vistas em vários locais do Sul do Chile e em diversas províncias da Argentina, mesmo do Oeste (junto aos Andes), Centro e do Norte do país como Buenos Aires, Córdoba, San Luis e Santiago del Estero.

O mais notável é que as auroras puderam ser vistas de diferentes pontos do Uruguai, mas não apenas no Sul, em Montevidéu. O fenômeno gerado pela tempestade solar foi registrado no balneário de Punta del Diablo, que está praticamente na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai, no Chuí.

A previsão é que a atividade solar siga enorme nos próximos dias com novas aparições amplas das auroras, mas é difícil dizer que se com a mesma intensidade e abrangência da última noite. Uma grande explosão X5.3 ocorreu no Sol ontem de noite e a ejeção ruma para a Terra.

Aurora Austral é vista fracamente sobre o Atlântico, à esquerda da Via Láctea, na praia de Santa Mônica, perto de José Ignacio, departamento de Maldonado, Uruguai, na noite de ontem. Ao fundo, as luzes de Punta del Este brilhando à direita. | MARIANA SUAREZ/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A maior tempestade solar registrada pela ciência até hoje foi o “Evento de Carrington”, de 1859. Destruiu a rede telegráfica nos Estados Unidos, provocou descargas elétricas e a aurora boreal foi visível em latitudes inéditas, como no Caribe. Hoje, um evento desta natureza seria desastroso para a humanidade porque comprometeria mundialmente equipamentos elétricos.

A MetSul Meteorologia está nos canais do WhatsApp. Inscreva-se aqui para ter acesso ao canal no aplicativo de mensagens e receber as previsões, alertas e informações sobre o que de mais importante ocorre no tempo e clima do Brasil e no mundo, com dados e informações exclusivos do nosso time de meteorologistas.