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Maio de 2024 foi o mais quente já observado na era observacional do planeta e completou doze meses seguidos de recordes de temperatura média alta mensal no mundo | MUKESH GUPTA/AFP

Mais um mês, mais um recorde. O consórcio climático e ambiental europeu Copernicus anunciou nesta quarta-feira que o planeta completou em maio doze meses seguidos com aquecimento recorde do planeta, o que cientistas do consórcio descrevem como um fato “alarmante”.

A sequência de doze meses é a segunda mais longa já registrada, de acordo com dados do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus. “É chocante, mas não surpreendente, que tenhamos atingido esta sequência de doze meses”, afirmou Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Alterações Climáticas Copernicus, num comunicado.

“A assinatura das alterações climáticas permanece e não há nenhum sinal à vista de uma mudança nesta tendência”, destacou o cientista que chefia o programa de clima do Sistema Copernicus.

O novo marco é ainda mais preocupante do que o alcançado em janeiro, que estabeleceu 2023 como o ano mais quente já registado desde o começo dos registros. Isso significa que o ano civil foi o mais quente em geral, com muitos – mas não todos – meses estabelecendo recordes. Agora, todos os meses, durante um ano consecutivo, foram os mais quentes já registrados.

De acordo com o Copernicus, a temperatura média global em maio de 2024, o da maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul, ficou 0,65°C acima da média de 1991–2020 e 1,52°C acima da média pré-industrial de 1850–1900, marcando o 11º mês consecutivo (desde julho de 2023) no qual a temperatura média global atingiu ou ultrapassou 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, o que Acordo de Paris estabeleceu como objetivo fosse evitado.

Como consequência dos sucessivos recordes, a temperatura média global dos últimos 12 meses (junho de 2023 – maio de 2024) foi a mais alta já registrada, terminando o período 0,75°C acima da média de 1991–2020 e 1,63°C acima da média de 1850–2020.

O aquecimento da Terra completa 550 meses consecutivos em que a temperatura planetária ficou acima da média do século XX. Mas esta série ininterrupta de recordes históricos de temperatura a partir de junho de 2023 é incomum, desconcertante e preocupante, advertem os principais cientistas de renome mundial na área climática.

Desvios de temperatura média global mensais por década na média de doze meses e no período junho de 2023 a maio de 2024 (linha vermelha) | COPERNICUS

Desvio da temperaratura média global em média móvel de doze meses entre 1940 e maio de 2024 em relação ao periodo pré-industrial (1850-1900) | COPERNICUS

Por que o nosso planeta aqueceu tanto nos últimos doze meses a ponto de cada mês ter sido o mais quente já visto na era observacional? O consenso entre os pesquisadores é que há influência das mudanças climáticas induzidas pelo aquecimento global gerado pela emissão de gases estufa.

Mas não só as mudanças climáticas induzidas pelo homem foram responsáveis por doze meses seguidos de aquecimento planetário recorde. Os cientistas mencionam ainda a influência do fenômeno El Niño, que atingiu muito forte intensidade na primavera do ano passado e cujos efeitos na temperatura do planeta ainda perduram por meses.

Há outras causas apontadas que são mais controversas e motivo de grande debate entre cientistas como mudanças nos regulamentos de transporte marítimo que diminuíram a emissão de aerossóis sobre os oceanos que refletiam a luz solar, a erupção do vulcão de Tonga e mesmo a atividade solar que está no seu período máximo do ciclo solar de onze anos.

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