O resfriamento do Oceano Pacífico na faixa equatorial com a instalação de condições de La Niña muito provavelmente está entre as causas do desastre de grandes proporções com os incêndios devastadores na região de Los Angeles.
As condições para incêndios no mês de janeiro no Sul da Califórnia são particularmente preocupantes neste ano. Isso porque após dois anos de abundância de umidade, especialmente durante o período de 2022-23, a temporada úmida de 2024-25 tem se mostrado notavelmente desigual.
Enquanto o Norte da Califórnia experimentou condições excepcionalmente chuvosas nos últimos meses, o Sul da Califórnia enfrentou uma seca quase recorde com muito pouca chuva.
Na cidade de Los Angeles, o começo do inverno é o mais seco desde 1964. A estação de referência para precipitação na cidade do Sul da Califórnia registrou desde o dia 1º de dezembro tão-somente 0,5 mm e não há previsão de chuva para os próximos quinze dias.
Esse padrão atmosférica está alinhado com as condições de La Niña, atualmente classificadas como fracas a marginais, que geralmente trazem mais chuva para o Norte e mais seca para o Sul na costa Oeste dos Estados Unidos. No entanto, a disparidade neste inverno é maior do que o habitualmente observada.
Dados mostram que na cidade de Eureka, no Norte da Califórnia, no trimestre entre outubro e dezembro de 2024 choveu 589 mm, o 12º último trimestre do ano com mais chuva em 139 anos de registros, sendo que a média para o período pela série 1991-2020 é de 388 mm.
Já em San Diego, cidade do Sul da Califórnia, a chuva no trimestre entre outubro e dezembro de 2024 somou apenas 3,5 mm, o terceiro último trimestre do ano mais seco em 175 anos de observação meteorológica, sendo que a média dos últimos três meses do ano é de 75,1 mm.
Hoje, de acordo conforme os dados da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, a anomalia de temperatura da superfície do mar no Pacífico Equatorial Central-Leste (região Niño 3.4) está em -0,7ºC. O valor está na faixa de La Niña fraco (-0,5ºC a -0,9ºC).
São quatro semanas consecutivas que em esta área do Pacífico apresenta anomalias de temperatura do mar em patamar de La Niña e o boletim do começo da semana que vem da NOAA confirmará a quinta.
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