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Julho começou no Rio Grande do Sul com nevoeiro em muitos locais, assim como projetava o prognóstico da MetSul Meteorologia. A visibilidade na manhã deste sábado era reduzida em diversas localidades com a cerração presente em muitos municípios gaúchos.

Nevoeiro na manhã de hoje em Sobradinho, no Centro do Rio Grande do Sul, com forte redução de visibilidade. Muitas cidades do Centro e do Leste gaúcho anotaram a presença de nevoeiro e neblina na manhã de hoje. | IARA PUNTEL

Porto Alegre teve nevoeiro (visibilidade horizontal inferior a mil metros) no Aeroporto Salgado Filho entre 6h e 8h da manhã. No momento de maior restrição, às 6h30, a visibilidade era de tão-somente de 100 metros, uma das menores deste ano no aeroporto. Depois das 8h, subiu a visibilidade e o aeroporto reportou neblina (visibilidade reduzida acima de mil metros) até o final da manhã.

Na vizinha Canoas, a base aérea já tinha informação de nevoeiro no seu primeiro boletim da manhã, às 6h, condição que permaneceu até 10h. No boletim das 11h, a informação era de neblina. No momento de menor visibilidade, ela era de apenas 100 metros na base aérea.

No Centro do Rio Grande do Sul, a base aérea de Santa Maria também reportou uma manhã de nevoeiro e neblina. A base teve nevoeiro entre 8h e 9h da manhã com visibilidade mínima de 500 metros. Após, a observação era de neblina com visibilidade restrita e acima de mil metros.

Também no Sul gaúcho houve observação de nevoeiro e neblina. O aeroporto de Pelotas, em seus informes meteorológicos, acusou a presença de nevoeiro entre 7h e 9h com um mínimo de visibilidade horizontal de 100 metros.

O frio e o tempo aberto com nuvens altas favoreceram o nevoeiro e a neblina. Nas estações oficiais do Instituto Nacional de Meteorologia, as mínimas caíram abaixo de 10ºC em muitas cidades do Centro para o Sul gaúcho. Porto Alegre teve 10,2ºC na zona Sul. Já em cidades do Noroeste e do Norte gaúcho, sob ar mais quente, as mínimas não foram baixas.

Inversão térmica trouxe nevoeiro

O que causou a formação de nevoeiro hoje cedo foi a ocorrência de inversão térmica em que uma camada de ar mais quente está acima da camada mais fria junto à superfície, o que favorece a formação da nebulosidade baixa.

Dados por sondagem do balão meteorológico lançado às 9h deste sábado na base aérea de Santa Maria indicavam temperatura em superfície de 12,6ºC, mas entre 600 metros e 1500 metros de altitude a temperatura era superior com registro de 17ºC entre 800 metros e 1000 metros.

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Em Porto Alegre, a inversão térmica foi muito menos pronunciada e bastante pequena, o que explica porque o nevoeiro não se formou em toda a cidade. A sondagem do balão das 9h tinha temperatura de 12,6ºC em superfície e 14,4ºC em 1.100 metros.

O que é inversão térmica

A parte mais baixa da nossa atmosfera é a troposfera, que pode atingir alturas de 16 km e é onde acontece a maior parte do nosso clima. É também uma seção da atmosfera onde a temperatura normalmente fica mais baixa quanto mais alto você sobe, por exemplo, quando você escala uma montanha, muitas vezes é mais frio no topo. No entanto, às vezes uma pequena camada pode se formar onde a temperatura aumenta com a altura. Essa camada é chamada de inversão.

Isso geralmente acontece com áreas de alta pressão, onde o ar em altitude geralmente desce em direção ao solo. À medida que desce, seca e aquece. Essa camada quente de ar pode atuar como uma tampa e prender o ar mais frio perto da superfície (isso ocorre porque o ar quente é mais leve do que o ar frio e, portanto, tende a ‘flutuar’ acima do ar mais frio, mais denso, prendendo-o).

Isso proporciona a inversão, porque se você fosse escalar a montanha agora, ficaria mais quente à medida que chegasse ao topo. Isso é o oposto do que normalmente você esperaria, daí o termo ‘inversão’.

Em outras palavras, sob condições normais é comum estar mais frio no alto do Morro da Polícia em Porto Alegre que no Centro da capital. Numa noite de inversão, a temperatura no Centro tende a estar mais baixa que no alto do morro. Ou pode estar mais baixa ao amanhecer em Porto Alegre que em Gramado ou Caxias do Sul.

As inversões são mais comuns no inverno, quando a névoa e o nevoeiro ficam presos no ar mais frio. Quando há inversão térmica, os poluentes tendem a ficar “aprisionados” mais perto da superfície e isso piora a qualidade do ar. Este tipo de situação é bastante evidente no inverno na cidade de São Paulo.