O Japão registrou nesta terça-feira (5) a temperatura mais alta de sua história: 41,8°C na cidade de Isesaki, província de Gunma. O recorde anterior, de 41,2°C, havia sido atingido apenas uma semana antes.
Calor sem precedentes atinge o Japão | STR/JIJI PRESS/AFP/METSUL
A Agência Meteorológica do Japão (JMA) inicialmente divulgou 41,6°C, mas revisou a leitura para 41,8 °C, confirmando o novo recorde nacional. A onda de calor atinge grande parte do país, provocando emergências de saúde e preocupações agrícolas.
Cerca de 10 cidades na região de Kanto, que inclui Tóquio, superaram os 40 °C – um número inédito. A condição meteorológica que impulsiona o calor envolve ar quente transportado por uma baixa pressão próxima da ilha de Hokkaido.
Além disso, ventos quentes descendentes, conhecidos como Foehn, aqueceram ainda mais áreas a Leste das montanhas, contribuindo para temperaturas extremas. A JMA alertou para a continuidade do calor em agosto em quase todo o país.
O governo emitiu alertas de insolação e choque de calor para 44 das 47 províncias japonesas, o maior número desde a criação do sistema nacional em 2021. Autoridades pedem que as pessoas evitem sair e façam uso constante de ar-condicionado e hidratação.
A Agência de Gerenciamento de Incêndios e Desastres informou que mais de 53 mil pessoas já foram hospitalizadas neste verão por causas relacionadas ao calor. A maioria dos casos envolve idosos e trabalhadores expostos ao sol.
Julho foi o mais quente já registrado no Japão desde 1898, com média 2,89°C acima do normal. É o terceiro ano consecutivo com recordes históricos para o mês, segundo a Agência Meteorológica do Japão.
O país está sob influência de sistemas de alta pressão do Pacífico e do Tibete, que mantêm o céu limpo e favorecem temperaturas elevadas. A expectativa é de mais calor durante este agosto, com poucas exceções regionais.
Enquanto o calor sufoca as grandes cidades, o campo também sofre. A falta de chuvas no litoral do Mar do Japão ameaça a produção de arroz, um dos pilares da dieta e da economia alimentar do país.
Algumas regiões enfrentam infestação de percevejos, praga que compromete a qualidade dos grãos. O calor favorece a proliferação desses insetos, agravando ainda mais a situação dos produtores rurais japoneses.
O ministro da Agricultura, Shinjiro Koizumi, afirmou que o governo tomará medidas urgentes para conter os impactos. “Precisamos agir com rapidez e senso de crise para proteger as colheitas e garantir o abastecimento.”
Entre as ações anunciadas estão incentivos para o aumento da produção de arroz, controle de pragas e medidas contra a seca. A meta é evitar nova escassez como a registrada no ano passado, que causou crise de abastecimento.
Em 2023, o calor intenso afetou a qualidade do arroz e levou a um erro na estimativa de oferta e demanda. O resultado foi uma crise nacional, com alta histórica no preço do principal alimento dos japoneses. A onda de calor atual é vista como um sinal de alerta para políticas estruturais.
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