Esta primeira semana de fevereiro terá jornadas de calor aqui no Rio Grande do Sul, mas nem de perto o verdadeiro inferno que experimentamos e nos castigou nesta época no ano passado. Jamais na histórica climática de Porto Alegre, que teve início com as medições regulares a partir do ano de 1910, se anotou uma semana tão quente como a primeira de fevereiro em 2014 (foto abaixo de arquivo de Bruna Cabrera do Correio do Povo). Foram dias terríveis para jamais se esquecer. Houve três dias seguidos absurdamente quentes com máximas na estação que se usa para referência histórica no Jardim Botânico de 39,9ºC (5/2), 40,6ºC (6/2) e 39,8ºC (7/2). Na zona Norte as máximas foram a valores de 39ºC a 42ºC por seis dias seguidos: 39,4ºC (2/2), 39,1ºC (3/2), 39,4ºC (4/2), 41,5ºC (5/2), 42,6ºC (6/2) e 41,4ºC (7/2). A máxima oficial de 40,6ºC do dia 6 foi a segunda mais alta em 105 anos na Capital (atrás apenas do recorde absoluto de 40,7ºC de 1º/1/1943) e recorde no mês de fevereiro. No Estado, foram 10 dias seguidos com máximas superiores a 40ºC com cortes de luz e prejuízos na avicultura.


Agora, em 2015, realidade bem distinta. Faz calor à tarde nesta semana, mas dentro do que é normal para esta época. O sol aparece com nuvens até o final da semana no Estado, mas pode ter chuva isolada de verão, sobretudo no Leste e Norte do Rio Grande do Sul. Pontos isolados podem ter chuva forte e com altos volumes. O que dominará atenções ao longo desta semana na MetSul é o indicativo que já vem há vários dias por modelos numéricos de um centro de baixa pressão no Atlântico na costa do Sul do Brasil. Este sistema teria origem no litoral do Sudeste, migraria para o Sul e após, a despeito dos “westerlies” (vento de Oeste), teria trajetória para Oeste (aproximando-se do continente) na segunda metade da semana. Em algumas rodadas de modelo havia até cenário de “cut-off low” ou baixa segregada em que o sistema deixava de estar associado à frente, e imerso numa massa de ar quente sobre águas muito mais quentes do que o normal com reduzido shear (divergência de vento). Enfatizamos que nenhum dado dos vários modelos usados pela MetSul indica hoje risco para o continente, mas este sistema que hoje só existe em projeções de computador exigirá observação atenta ante precedentes históricos recentes.