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O Guaíba segue em estado de cheia em Porto Alegre e com o seu nível muito alto. A cheia teve início ainda no começo do mês com os acumulados extremos de chuva registrados nos primeiros dias de setembro de 200 mm a 400 mm do Centro para o Norte do Rio Grande do Sul. Desde então, o nível se manteve alto ou muito alto.

O pico de cheia se deu na manhã do dia 14, na última quinta-feira, com marca que raramente se observa. Chegou a 2,70 metros no Cais Mauá, apenas 30 centímetros abaixo da cota de transbordamento no Centro. No Sul da cidade, com cotas de extravasamento menores, houve alagamentos. Nas ilhas, a situação já ruim piorou. Com o nível muito elevado, as águas do Guaíba refluíram pela rede pluvial e alagaram ruas no Quarto Distrito.

A cota de 2,70 metros do dia 14 só é superada neste século pelo registro de 2,97 metros de outubro de 2015 e bateu as de várias cheias daquele ano de Super El Niño. Superou a da grande cheia de outubro de 2016 (2,65 metros), da de 1984 (2,60 metros) que levou o então prefeito João Dib a fechar o portão da Mauá no Cais (o que só se repetiria em 2015), das cheias de 1965, 1966 e da primeira de 2015 (2,56 metros), e da de 2002 (2,52 metros). Ficou abaixo dos 2,97 metros de 2015, os 3,13 metros de 1967 e os 4,76 metros de 1941.

Com a grande cheia do Taquari do começo do mês e também do Jacuí, o Guaíba atingiu o seu primeiro pico de cheia no dia 7 com 2,46 metros. Após, começou a baixar. No final da segunda-feira (10), o nível era de 1,96 metro, mas aí veio o vendaval com vento Sul e uma vez começou a subir novamente com a persistência do represamento pelo vento Sul e a chuva que passou de 100 mm, atingindo os 2,70 metros da quinta (14) sob forte vento Sul.

Na sexta (15), com o vento passando para Norte, o Guaíba recuou para 2,50 metros e durante todo o fim de semana (16 e 17 de setembro) se manteve estável ao redor dos 2,50 metros com oscilações que variaram entre 2,49 metros e 2,53 metros.

Imagens de satélite do Sistema Copernicus, geradas a pedido da MetSul para a Plataforma Adam, mostram a dimensão da cheia do Guaíba no Delta do Jacuí, em Porto Alegre. As imagens geradas pelos satélites europeus do Copernicus de antes da cheia e agora ilustram como o nível subiu muito e alagou as ilhas do delta e do Guaíba.

Guaíba antes da cheia | ADAM PLATFORM

Guaíba neste fim de semana sob cheia | ADAM PLATFORM

O nível do Guaíba na manhã desta segunda se mantinha muito alto e quase estável. A régua do Cais Mauá indicava no começo da manhã 2,49 metros após registro de 2,51 metros no começo da madrugada de hoje.

O Guaíba se mantém muito alto pela cheia de grandes proporções do Rio Jacuí, que é principal contribuinte entre todos os rios que desembocam no Guaíba. A cheia do Rio Jacuí é uma das maiores da história, apontam dados de medições históricas tanto em Rio Pardo como em Cachoeira do Sul.

No fim de semana, a cheia do Jacuí na régua de Cachoeira do Sul superou outra marca histórica ao atingir 25,55 metros do sábado no ponto de medição da Ponte do Fandango, segundo a Defesa Civil. O valor fez desta cheia a terceira maior da história de Cachoeira do Sul, superando a marca de outubro de 2015, quando o nível chegou a 25,53 metros. Ontem, o Jacuí começou a baixar lentamente.

Em Rio Pardo, o município está em situação de emergência desde o final da semana passada pela enchente. Ontem, o nível do Rio Jacuí medido junto ao Cais do Porto em Rio Pardo chegou a 16,42 metros, tornando-se a 4ª maior enchente desde o início das medições. A maior enchente foi registrada em 1941, seguida por duas em 2015. Nas últimas horas, o nível do Jacuí em Rio Pardo apresentava estabilidade.

Os anos de 1941 e 2015, que constam nas estatísticas como as maiores cheias de Rio Pardo e de Cachoeira do Sul, foram de Super El Niño. Já 2023 está sob El Niño em intensificação e que já começa a adentrar no território de forte intensidade.

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