O swell do intenso ciclone extratropical que atuou até ontem na costa do Rio Grande do Sul e hoje se afastou muito rapidamente do continente trouxe, como esperado, uma ressaca do mar na costa gaúcha com as águas do oceano tomando a faixa de areia em diversas praias da orla gaúcha.
Um swell é uma série de ondas de gravidade mecânicas ou superficiais geradas por sistemas meteorológicos distantes que se propagam por milhares de quilômetros através dos oceanos e mares. No caso de hoje, o sistema é um ciclone no Atlântico Sul.
Ondulações oceânicas são frequentemente geradas em regiões de depressões atmosféricas nas latitudes médias e perto dos polos entre 30º e 60º de latitudes, em regiões de águas profundas, sobretudo por ciclones.
A maioria das ondas de alta energia produzidas do planeta atinge o seu pico no inverno nos hemisférios Norte e Sul, época de maior incidência de ciclones intensos. Ontem, a pressão atmosférica mínima no centro do ciclone de manhã junto à costa era de 990 hPa.
No Litoral Norte, a ressaca que fez o mar invadir a faixa de areia foi uma das consequências do ciclone, além de destelhamentos e alagamentos. Municípios relatam outro problema em comum: diversos pontos sem energia elétrica. “Ainda tem gente nos abrigos, muitos pontos da cidade sem luz, muitos postes caídos e o mar com ressaca”, descreveu o prefeito de Cidreira, Elimar Pacheco.
O fotógrafo Gabriel Gomes fez imagens aéreas com auxílio de um drone nesta sexta da ressaca que atingia o Litoral Norte do Rio Grande do Sul e cobria a faixa de areia em diversos balneários da região.
Em Imbé, não houve prejuízos com a ressaca, conforme o secretário de Comunicação e Transparência do município, Leandro Luz. Destelhamentos foram o principal problema. “Atendemos 26 famílias ao todo, que tiveram suas casas destelhadas. A Defesa Civil do município entregou e auxiliou na colocação de lonas”, descreveu.
Em Tramandaí, cerca de 10 casas foram atingidas, conforme o setor de Comunicação da prefeitura e o pavilhão da Festa do Peixe, que já foi consertado. Em Caraá, um dos municípios mais atingidos pelo ciclone de junho passado, ainda há 10 pessoas em abrigos e estão sendo distribuídas cestas básicas e kits de higiene.
À medida que o swell se propaga com a ondulação do ciclone no Atlântico Sul, a ressaca do mar já chegou ao litoral de Santa Catarina e se concentrará com maior intensidade neste fim de semana na costa do Sudeste do Brasil, em particular entre São Paulo e Rio de Janeiro.