A seca é severa no extremo Sul do Rio Grande do Sul e transforma a paisagem da região. No final do ano, após a queda de um raio, os banhados da reserva ecológica do Taim sofreram o maior incêndio da história do santuário ecológica. Com a seca, os banhados do extremo Sul gaúcho secam e o cenário é desolador. Imagens aéreas feitas pelo piloto agrícola Alex Muchulski mostram a transformação da paisagem em Santa Vitória do Palmar com a seca.

A paisagem cada vez mais seca não ocorre à toa. No segundo semestre de 2022, a chuva foi por demais irregular e insuficiente no Sul do Estado. Conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia, na estação de Santa Vitória do Palmar choveu da média de 582 mm um total de 508 mm, ou seja, 87% da climatologia.

Ocorre que a instabilidade se deu em curtos períodos e foram poucos episódios em que a chuva ocorreu por vários dias seguidos. Portanto, apesar dos totais comparados a média não serem tão baixos a distribuição da chuva é a responsável pelo cenário que se tem hoje.

O que ocorre é que, após um período de tempo seco de 5 a 7 dias, precipitação de tão-somente 5 mm a 10 mm rapidamente se perde por evapotranspiração. Nos meses de verão, com o calor, é ainda pior porque a taxa de evapotranspiração é maior e a demanda hídrica aumenta.

E Santa Vitória, na barra do Chuí, onde está a estação do órgão, foi um dos lugares em que mais chovei no Sul gaúcho porque em outros pontos da região choveu muito menos. Nos últimos 90 dias, o acumulado de chuva foi de 211 mm na Barra do Chuí, 115 mm em Capão do Leão, 104 mm em Jaguarão e 100 mm em Rio Grande. O normal seria ter chovido quase o triplo no período.

A escassez de precipitação não ocorre só no extremo Sul da região. Em Jaguarão, desde agosto, os acumulados mensais não alcançam sequer 100 mm. Além disso, houve uma piora significativa desde outubro com registro mensal de 55 mm em outubro, 58 mm e 12 mm em dezembro, ou seja, choveu apenas  125 mm enquanto que a média do último trimestre do ano é de 415 mm. Neste janeiro, até agora, choveu míseros 21 mm.

Em Rio Grande, entre dezembro e janeiro não foi registrado chuva diária superior a 10 mm (considerada “chuva agrícola”), ou seja, em geral apenas episódios de leve precipitação no município. Em novembro, na cidade portuária, apenas um evento de chuva foi superior a 10 mm. Assim, nos últimos 90 dias a chuva tem sido escassa e quando ocorre é com baixos acumulados.