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Guaíba está neste momento quatro metros abaixo do pico da enchente sem precedentes de maio em Porto Alegre | ANSELMO CUNHA/AFP/METSUL METEOROLOGIA/ARQUIVO

O Rio Grande do Sul volta a enfrentar cheias de rios e arroios que sobem rapidamente no Sul do estado com os volumes excessivos de chuva que atingem a região e tendem a aumentar muito mais até quinta-feira com a intensificação das precipitações.

Com um evento de chuva extrema atingindo o Rio Grande do Sul e muitas pessoas ainda se recuperando das enchentes do mês de maio que foram as maiores da história em muitas cidades, várias pessoas indagam em nossas redes sociais desde domingo se pode ocorrer enchente em Porto Alegre.

Para entender como se avalia o risco de enchente em Porto Alegre é preciso compreender primeiro como nascem as enchentes que atingem a capital a partir da geografia e da hidrologia do Rio Grande do Sul. Assim, importante atentar para a chamada macrobacia do Guaíba.

As enchentes em Porto Alegre ocorrem pela subida das águas do Guaíba. No Guaíba desaguam as águas de vários rios. São eles o Jacuí, o Taquari (que começa como Rio das Antas), o Caí, Sinos (que recebe as águas do Paranhana) e o Gravataí. Quase todos estes grandes rios são alimentados por arroios e rios menores

O que todos estes rios cujas águas vão parar no Guaíba têm em comum? Eles são todos do Centro para o Norte do estado e tem suas nascentes, exceção do Gravataí e Sinos que nascem junto ao litoral, no Norte do Rio Grande do Sul.

O Rio Jacuí, principal contribuinte do Guaíba, tem suas nascentes perto de Passo Fundo antes de descer para o centro do estado (Cachoeira do Sul e região) e avançar pelo Vale do Rio Pardo até a Grande Porto Alegre. Caí e Taquari nascem nos Campos de Cima da Serra.

Ou seja, para que haja enchente em Porto Alegre é preciso que chova muito nas bacias destes rios, todos da Metade Norte do estado. Chuva excessiva na Metade Sul gaúcha não gera enchente no Guaíba.

E qual a situação do Guaíba neste momento? Na tarde desta terça-feira, a régua da TideSat no Cais Mauá, junto ao Centro de Porto Alegre, marcava 0,98 metro. Ou seja, dentro do que é normal para esta época do ano. Cota um metro abaixo do nível de cheia e dois metros abaixo da cota de transbordamento. Logo, o risco de curtíssimo prazo é zero.

E no curto prazo com toda essa chuva que está caindo e ainda se prevê vai cair? Então, aí deve se olhar para os locais do estado onde já choveu bastante e para onde a previsão da MetSul indica muito água.

Até o momento, choveu demais em cidades da Metade Sul do Rio Grande do Sul. E, como vimos, chuva na Metade Sul não provoca enchente no Guaíba. E o que ainda vem? O mapa abaixo traz a projeção de chuva do modelo europeu até o final da semana.

METSUL

Como se observa no mapa, vai chover muito numa das bacias que alimenta o Guaíba e a principal, o Jacuí. A parte intermediária e final da bacia pode ter chuva volumosa com acumulados perto e acima de 100 mm, possivelmente de até 150 mm, entre o Centro do estado e a Grande Porto Alegre, mas não deve chover muito nas nascentes do Norte do estado.

Já nas demais bacias que desaguam no Guaíba, exceção da do Rio Gravataí e a final dos rios dos Sinos, Caí e Taquari também pode chover forte. Isso quase na área de Porto Alegre e não em toda a extensão das bacias.

Além disso, os maiores volumes de chuva nos rios que desaguam em Porto Alegre vão se dar apenas no final da quarta, durante a quinta em especial, e em parte da sexta. Assim, será um período breve de chuva volumosa.

Considerando os volumes previstos, a duração do evento de chuva e onde deve chover mais, o Guaíba vai inevitavelmente subir, mas não o suficiente para provocar uma cheia que ameace a área não insular da cidade, como se viu em maio.

Isso, entretanto, não significa que Porto Alegre deve baixar a atenção. Chove no final da quarta e muito durante a quinta-feira com acumulados muito altos para apenas um dia, o que vai certamente trazer alagamentos que podem ser numerosos.

Com a rede de esgotos ainda assoreada em parte da cidade pela enchente de maio, os alagamentos podem deixar ruas intransitáveis, como pontos do Quarto Distrito e do Eixo da Sertório, dentre outros locais da cidade.

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