Morador da área mais castigada pelo terremoto carrega nos braços o corpo de seu filho morto após o terremoto de magnitude 5,6 que matou e feriu centenas em Cianjur | ADITYA AJI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Um terremoto de 6,1 graus de magnitude abalou a região Noroeste da Turquia na madrugada desta quarta-feira e deixou pelo menos 50 feridos, informaram os serviços de emergência do país. O tremor, que aconteceu pouco depois das 4h locais (22h da terça em Brasília) foi sentido em Istambul, a maior cidade do país.

O epicentro do abalo se deu a 170 quilômetros ao Leste de Istambul e a uma profundidade de dez quilômetro0s, segundo o Centro Geológico dos Estados Unidos (USGS). As autoridades turcas afirmaram que o terremoto atingiu magnitude de 5,9 graus, menor que os 6,1 anunciados pelo USGS.

De acordo com a AFAD, a agência governamental para gestão de catástrofes, mais de 100 tremores secundários foram registrados, o mais intenso de magnitude 4,3. O Ministério do Interior e a AFAD anunciaram um balanço de 50 feridos e danos leves em alguns prédios.

“Acordamos com um grande barulho e o tremor”, declarou à AFP Fatma Colak, moradora de Duzce. “Saímos de casa em pânico e agora esperamos do lado de fora”. Muitas pessoas permaneceram ao ar livre durante a madrugada. Algumas posicionaram cobertores no chão a acenderam fogueiras para aquecer as crianças.

As autoridades anunciaram que as escolas permanecerão fechadas nesta quarta-feira nas províncias de Duzce e Sakarya. O ministro do Interior, Suleyman Soylu, afirmou que não há relatos de danos graves. O governo turco indicou que a região de Duzce enfrenta cortes de energia controlados e pediu que os moradores permaneçam calmos.

A Turquia fica em uma das regiões de maior atividade sísmica do mundo. Duzce foi uma das áreas afetadas por um terremoto de 7,4 graus em 1999, um dos mais violentos da história do país. O tremor matou mais 17.000 pessoas, mil delas em Istambul.

Terremoto mortal na Indonésia

Desabrigados pelo terremoto que deixou ao menos 268 mortos na Indonésia solicitavam, nesta quarta-feira todo tipo de ajuda aos serviços de emergência, que enfrentam dificuldades para encontrar sobreviventes devido a tremores secundários e fortes chuvas.

As autoridades alertaram que os escombros precisam ser removidos com urgência na cidade de Cianjur, a mais atingida pelo terremoto, devido a possíveis enchentes e deslizamentos de terra que podem ser desencadeados por fortes chuvas esperadas para os próximos dias.

Um terremoto de 5,6 graus de magnitude atingiu a província de Java Ocidental, a mais populosa do arquipélago do Sudeste Asiático, na segunda-feira. O balanço mais recente do desastre é de 268 mortos, 1.000 feridos e 151 desaparecidos.

Mas as fortes chuvas e os novos tremores secundários do terremoto desaceleraram as operações de busca por sobreviventes em uma dúzia de cidades, onde mais de 20.000 casas foram destruídas. Um tremor secundário de magnitude 3,9 provocou pânico entre vários deslocados, que fugiram dos abrigos esta manhã, observaram jornalistas da AFP.

Aldeões resgatam itens de casas danificadas após um terremoto de magnitude 5,6 que matou mais de 200 pessoas com centenas de feridos e outros desaparecidos na cidade indonésia de Cianjur | ADITYA AJI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Dois vilarejos remotos permanecem isolados, segundo Henri Alfiandi, chefe do serviço de emergência, em um vídeo publicado nas redes sociais. “As pessoas de lá não podem nem pedir ajuda”, disse, lembrando que três helicópteros foram enviados para a área. Os moradores estão bloqueados, sem água nem eletricidade, e alguns tiveram que dormir ao lado de mortos, detalhou.

Nas cidades mais próximas de Cianjur, os moradores tentavam recuperar fotos de família, livros religiosos e certidões de casamento entre os escombros. – Risco de nova catástrofe natural

“Temos ajuda alimentar, mas não é suficiente. Temos arroz, macarrão instantâneo e água mineral”, comentou à AFP Mustafa, 23 anos, morador da cidade de Gasol. O jovem vasculhava os escombros da casa da vizinha idosa, a pedido dela. Ele então voltou com uma pilha de roupas, arroz, fogão a gás e panelas.

“Não temos roupa e não tomamos banho há dias”, confessou. “Precisamos de ajuda”, diziam faixas colocadas em frente a casas e tendas danificadas no vilarejo de Talaga. Mais de 58.000 pessoas foram deslocadas pelo terremoto, informou a agência de gerenciamento de desastres na terça-feira.

Morador da área mais atingida pelo abalo sísmico a sua filha ferida após um terremoto de magnitude 5,6 q em Cianjur | ADITYA AJI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Equipes de resgate procuram vítimas sob as ruínas de prédios desabados em Cianjur que deixou mais de duas centenas de vítimas fatais e desaparecidos | TIMUR MATAHARI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Casas destruídas pelo terremoto que arrasou a localidade indonésia de Cianjur com centenas de mortos e feridos | ADITYA AJI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

O governo mobilizou milhares de militares e policiais. Também fornece ajuda alimentar e tendas, mas as necessidades são imensas. Yunisa Yuliani, 31 anos, detalha que não há mais nada no local. “Meu filho está com febre e não consegue comer. Tem muitos idosos e crianças que precisam de leite, fraldas e remédios”, diz.

Neste cenário desolador, moradores de Cianjur começaram a enterrar seus parentes de acordo com os ritos islâmicos depois que foram autorizados a retirar seus corpos dos necrotérios. As autoridades alertaram para o risco de uma nova catástrofe natural.

Durante a estação de chuvas, que já começou e terminará em dezembro, o arquipélago é propenso a deslizamentos de terra e inundações repentinas. Os serviços meteorológicos anunciam tempestades, que são potencialmente perigosas após um terremoto. Localizada no “círculo de fogo” do Pacífico, onde as placas tectônicas se encontram, a Indonésia enfrenta regularmente terremotos ou erupções vulcânicas.

Há uma onda de terremotos em andamento?

A sucessão de terremotos, sendo o mais grave o da Indonésia na segunda-feira e seguido pelo abalo da madrugada de hoje na Turquia, faz surgir o questionamento se o número de sismos e sua frequência não estão muito altos e fora do padrão normal.

Diante dos questionamentos, o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) publicou em suas redes sociais um esclarecimento sobre a recente onda de tremores de terra. “Pode parecer que tem havido muitos terremotos ultimamente, mas em média há um terremoto de magnitude 6 a 6,9 em algum lugar da Terra a cada cerca de 2 a 3 dias”, observou o USGS.

De acordo com o serviço geológico norte-americano, vários terremotos de magnitude 5 a 5,9 ocorrem por dia. “Na maioria das vezes, só notamos terremotos como esse quando acontecem perto de centros populacionais” e há danos para a população, observa o órgão geológico.

Círculo de Fogo do Pacífico, a região mais sísmica do mundo

Não é raro que fortes terremotos ocorram nos países do Círculo de Fogo do Pacífico, como o que se registrou no começo desta semana na Indonésia, com centenas de mortos e feridos. O país foi o epicentro do sismo de 2004 que gerou o tsunami que provocou mais de 200 mil mortes.

O Círculo de Fogo do Pacífico é formado pelo encontro de várias placas tectônicas, tornando a região uma zona com alta frequência de terremotos e tsunamis. Esta área é responsável por cerca de 90% dos abalos sísmicos e de 50% dos vulcões existentes em todo o planeta.

O chamado círculo percorre toda a extensão da costa do Oceano Pacífico. Começa com uma ramificação no Oceano Índico e segue pela Indonésia, Sumatra e Malásia até a Placa das Filipinas. Então, o anel abrange toda a Placa do Pacífico, a Placa Juan de Fuca (localizada em frente à costa do Canadá e dos estados americanos de Washington e Oregon), a Placa de Cocos (localizado no Pacífico em frente à América Central) e a Placa de Nazca (junto à América do Sul).