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Guaíba deve subir mais e pode atingir cotas críticas no Centro de Porto Alegre | FERNANDO OLIVEIRA

A MetSul Meteorologia alerta que o nível do Guaíba deve atingir cotas criticamente altas nesta semana em cenário extremamente preocupante para a área de Porto Alegre. O quadro tende a se deteriorar muito nas ilhas e haverá alagamentos e inundações também na parte não insular da cidade, nas zonas Sul, Norte e central.

O nível do Guaíba no final desta tarde atingiu 2,71 metros e superou o do pico desta cheia de 2,70 metros do dia 14. A cota de 2,71 do fim da tarde deste domingo é a terceira maior desde a grande enchente de 1941, somente atrás dos 3,13 metros de 1967 e dos 2,97 metros de outubro de 2015.

Há previsão de chuva para esta segunda, a terça e a quarta em Porto Alegre e em cidades vizinhas. Os volumes podem ser muito altos de precipitação na terça, quando em vários momentos a chuva pode ser forte a torrencial, levando mais água para o Guaíba.

Não bastasse, haverá um aumento de curto prazo da vazão dos rios contribuintes. O cenário se complica ainda mais porque há represamento das águas pelo nível muito alto da Lagoa dos Patos. O mais preocupante é que haverá represamento adicional por vento Sul intenso no meio da semana, sobretudo na quarta, por conta de um ciclone extratropical.

Diante deste cenário, a MetSul Meteorologia avalia que a cheia do Guaíba nesta semana pode evoluir para cotas muito crítícas. O risco de atingir os 3,00 metros da cota de transbordamento no Cais Mauá (Centro) não é descartado, assim não será surpresa se a Prefeitura de Porto Alegre decidir fechar as comportas do sistema de contenção de cheias nesta semana.

Independente de atingir ou não 3,00 metros, cotas acima de 2,70 metros trazem alagamentos e inundações em pontos do Sul da cidade, como na Ponta Grossa, onde as cotas são menores. Ipanema também exigirá muita atenção.

O nível muito alto ainda pode alagar áreas perto do Centro e da zona Norte (São Geraldo e Navegantes) pela água que reflui pela rede pluvial. Em 2015, houve alagamentos pelo refluxo da rede pluvial na Praia de Belas (junto ao TJRS), Rodoviária, São Geraldo e Navegantes,

Trata-se de uma cheia do Guaíba que já dura 20 dias e é muito mais prolongada que o normal. O último pico desta cheia tinha ocorrido na manhã do dia 14, com 2,70 metros no Cais Mauá, apenas 30 centímetros abaixo da cota de transbordamento no Centro. No Sul da cidade, com cotas de extravasamento menores, houve alagamentos. Com o nível muito elevado, as águas do Guaíba refluíram pela rede pluvial e alagaram ruas no Quarto Distrito no dia 14.

A cota de 2,70 metros do dia 14 e agora de 2,71 metros neste domingo só é superada neste século pelo registro de 2,97 metros de outubro de 2015 e bateu as de várias cheias daquele ano de Super El Niño. Superou a da grande cheia de outubro de 2016 (2,65 metros), da de 1984 (2,60 metros) que levou o então prefeito João Dib a fechar o portão da Mauá no Cais (o que só se repetiria em 2015), das cheias de 1965, 1966 e da primeira de 2015 (2,56 metros), e da de 2002 (2,52 metros). Ficou abaixo dos 2,97 metros de 2015, os 3,13 metros de 1967 e os 4,76 metros de 1941.

Com a grande cheia do Taquari do começo do mês e também do Jacuí, o Guaíba atingiu o seu primeiro pico de cheia no dia 7 com 2,46 metros. Após, começou a baixar. No final do dia 10, o nível era de 1,96 metro, mas então veio um vendaval com vento Sul e uma vez mais começou a subir novamente com a persistência do represamento pelo vento Sul e a chuva que passou de 100 mm, atingindo os 2,70 metros no dia 14 sob forte vento Sul.

No dia 15 de setembro, com o vento passando para Norte, o Guaíba recuou para 2,50 metros e durante todo o fim de semana (16 e 17 de setembro) se manteve estável ao redor dos 2,50 metros com oscilações que variaram entre 2,49 metros e 2,53 metros.

Com ingresso de vento Sul na manhã do dia 18, o Guaíba começou nova trajetória de alta e atingiu 2,62 metros, recuando depois para 2,53 metros antes de se elevar rapidamente para 2,68 metros no dia 19. Depois, recuou durante o dia e se manteve entre 2,57 metros e 2,60 metros. Desde então o Guaíba se manteve entre 2,50 e 2,60 metros até este 24 de setembro, quando se elevou para 2,71 metros.

A grande cheia do Guaíba em Porto Alegre começou no início deste mês a partir de outras duas grandes. O Taquari, segundo maior contribuinte, experimentou a maior cheia desde 1941 no começo do mês. Na sequência, o maior contribuinte que é o Jacuí passou pela terceira maior cheia desde 1941. Chuva muito acima do normal no Rio Grande do Sul e vários episódios de vento Sul com nível alto da Lagoa dos Patos mantiveram o Guaíba alto nas duas semanas seguintes.