Depois de um domingo de nevoeiro seguido de sol no Rio Grande do Sul, o Estado tem uma segunda-feira de instabilidade. O motivo foi a formação nas primeiras horas do dia de uma frente quente sobre o território gaúcho com o avanço de ar quente de Norte que, ao encontrar o ar frio ao Sul, formou de forma explosiva nuvens muito carregadas entre 23h de domingo e a metade da madrugada de hoje. O contraste térmico gerador do tempo severo se evidencia pelas marcas ao amanhecer desta segunda-feira no Sul do Brasil. No Oeste do Paraná, o aeroporto de Foz do Iguaçu amanheceu com 22ºC. Na mesma hora, no Sul gaúcho, fazia 11ºC no aeroporto de Pelotas. Este sistema agora fica semi-estacionário sobre o Rio Grande do Sul com chuva, localmente forte e com raios, no decorrer do dia de hoje. Há possibilidade ainda de queda isolada de granizo, uma vez que corrente de jato em baixos níveis da atmosfera que se origina na Bolívia mantém o fluxo de ar quente até o Noroeste do Rio Grande do Sul, alimentando a instabilidade sobre o Estado.


A formação da frente provocou temporais de granizo e muitos raios na madrugada desta segunda-feira em cidades no entorno do Centro e do Nordeste do Rio Grande do Sul, como antecipava o alerta de tempo severo da MetSul. Houve registro de granizo grande a mesmo gigante em algumas localidades,como no interior de Rosário do Sul e Soledade. Caiu granizo ainda nos vales, na Serra, e em Porto Alegre e na região metropolitana. Em algumas cidades destas regiões foi tanto granizo que chegou a acumular. Com as nuvens muito carregadas geradas pelo fluxo de ar quente de Norte e o perfil ainda frio da atmosfera (normal no inverno) sobre o Rio Grande do Sul, os temporais foram mais de granizo que vento forte, como é comum em frentes quentes. Este tipo de quadro é frequentemente observado em junho aqui no Rio Grande do Sul, mas, como junho neste ano foi seco e teve absoluto predomínio de ar quente, acabou por não registrar nenhuma frente quente. A chuva foi igualmente volumosa. Em Porto Alegre, entre 1h da manhã (hora do começo da chuva) e 9h da manhã, choveu dois terços da média do mês na área central da cidade. Para se ter ideia, o volume médio histórico de chuva de julho inteiro (série histórica 1961-1990) é de 121,7 mm, o que significa que a Capital terá hoje chuva de um mês em um dia com o prosseguimento da chuva.


Granizo em Bom Retiro, Rosário do Sul, foi de grande tamanho – Facebook/Climarosul


Pedras de granizo que caíram em Soledade foram muito grandes – Paulo Henrique Pinheiro


Granizo com tamanho de ovos atingiu Minas do Leão – Meta Notícias/Facebook


Pedra de granizo que caiu na zona Norte de Porto Alegre na madrugada – Michele Santana

Há possibilidade de chover no Rio Grande do Sul todos os dias até a sexta-feira, o que não significa choverá o tempo todo ou que a integralidade das cidades do Estado terá chuva todos os dias da semana. Devem ocorrer intervalos de tempo firme e até com sol e temperatura alta em algumas áreas. Amanhã ainda chove e garoa em diferentes pontos do Rio Grande do Sul entre a madrugada e de manhã, mas no decorrer do dia o sol aparece com nuvens na maioria das regiões e esquenta. Na quarta, o sol aparece com nuvens durante o dia e deve ter nevoeiro no Estado ao amanhecer, mas da tarde para a noite a chuva retorna e afetará mais o Centro-Norte do território gaúcho com risco de temporais isolados de granizo mais uma vez. Na quinta e na sexta-feira, muitas nuvens são esperadas no Estado e chove em diferentes pontos, apesar de aberturas em algumas áreas. Maiores volumes durante a quinta que pode ter chuva localmente forte. Na sexta já começa gradualmente a ingressar uma massa de ar frio muito forte e que vai derrubar a temperatura com força no fim de semana, trazendo marcas negativas e dias com geada ampla.