Explosão solar registrada neste sábado impressionou cientistas que estudam tempo espacial | SDO/NASA

O satélite GOES-18 e a sonda SDO (Solar Dynamics Observatory) registraram neste sábado uma grande erupção no sol. As imagens da explosão no sol impressionam, mas o fenômeno é muito conhecido dos cientistas que estudam a atividade solar e o tempo espacial.

O campo magnético do sol passa por um ciclo, chamado ciclo solar. A cada 11 anos ou mais, o campo magnético do Sol muda completamente. Isso significa que os polos Norte e Sul do sol trocam de lugar. Em seguida, leva cerca de outros 11 anos para os polos Norte e Sul do sol se inverterem novamente. O atual ciclo é o de número 25 e o seu pico vai ser alcançado entre 2024 e 2025, o que significa que a atividade solar está em aumento e deve se intensificar ainda mais.

O físico solar Keith Strong descreveu a explosão deste sábado no lado Leste do sol como “espetacular”. Inicialmente nada acontecendo lá, sem manchas ou proeminências, e de repente esta explosão. É um evento estranho de várias maneiras”, escreveu em suas redes sociais.

O especialista explica que a erupção foi “tão estranha” porque não houve explosão de raios-X, apesar da erupção ser tão grande e violenta. Conforme Strong, “o melhor palpite é que houve uma explosão enorme do outro lado do sol” por uma grande mancha ainda não visível no disco solar voltado para a Terra e visível.

O cientista Tony Phillips do popular site Space Weather, especializado em tempo espacial, destaca que há uma mancha solar tão grande no outro lado do sol que “está afetando a maneira como o sol inteiro vibra”.

De acordo Phillips, os mapas heliossísmicos revelam a região ativa a cerca de dez dias de distância de virar em direção à Terra. O expert destaca que “isso poderia anunciar um período de atividade solar com impacto em nosso planeta no mês de junho”.

SOLAR HAM

Esta enorme mancha solar no lado do sol que não está voltado para a Terra vem chamando a atenção dos cientistas há dias. Na última segunda-feira, o Observatório Solar e Heliosférico da NASA (SOHO) documentou uma cena espacial fascinante, capturando os momentos em que uma enorme “ejeção de massa coronal” irrompeu da superfície do sol e varreu um aglomerado de estrelas conhecido como Plêiades ou Sete Irmãs.

As ejeções de massa coronal, ou CMEs, podem lançar partículas de alta energia, plasma solar e caos magnético adicional no espaço. A maciça ejeção de plasma solar partiu do outro lado do sol, possivelmente da grande mancha ainda não visível nos instrumentos de observação.

A onda de choque interestelar se irradiou em todas as direções, mas como partiu do outro lado do sol não se direcionou para a Terra. Quando direcionadas para a Terra, estas ejeções de massa coronal de grande potência colidem com a magnetosfera do nosso planeta, o nosso próprio campo magnético protetor, e são frequentemente associadas a grande atividade de auroras.

Essas fortes tempestades solares também podem danificar a infraestrutura elétrica, prejudicar os satélites e até mesmo fornecer radiação insalubre aos passageiros das companhias aéreas que voam perto dos polos.

A ejeção capturada pelo SOHO foi especialmente notável por passar em frente às Plêiades, um aglomerado de estrelas a cerca de 444 anos-luz da Terra (o que significa que a luz que vemos quando olhamos para as estrelas é na verdade de quatro séculos atrás quando o Brasil ainda pertencia a Portugal).

Em abril, uma grande tempestade solar atingiu a Terra. Ela foi tão forte que as auroras boreais puderam ser vistas em várias capitais europeias, inclusive em Berlim, e chegaram tão ao Sul no Hemisfério Norte como a fronteira dos Estados Unidos com o México, na californiana cidade de San Diego.