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O sol apareceu com nuvens na manhã desta quarta-feira em diversos pontos da Metade Norte do Rio Grande do Sul, mas na Grande Porto Alegre e em outros pontos da Depressão Central o tempo permaneceu encoberto com muitas nuvens baixas e formação de nevoeiro no começo do dia em diversos municípios. A explicação está no perfil vertical de temperatura na atmosfera e um fenômeno conhecido como inversão térmica.

Duas vezes por dia, às 9h da manhã e às 21h, balões meteorológicos são lançados do Aeroporto Salgado Filho. Eles levam equipamento que transmite dados de temperatura, umidade, vento e outras variáveis no que se denomina rádiosondagem. São dados fundamentais para que nós, os meteorologistas, compreendamos o que está ocorrendo na atmosfera. Os dados são também usados nas inicializações dos modelos numéricos que fazem simulações das condições futuras do tempo em todo o mundo.

Os dados da manhã desta quarta-feira indicaram uma forte inversão térmica na área de Porto Alegre, o que explica a grande cobertura de nebulosidade e o registro de nevoeiro na madrugada e cedo da manhã em diversos locais. Já na sondagem da noite de ontem se observava camada de inversão e que se acentuou no começo desta quarta com ar mais frio perto da superfície e quente em camada intermediária logo acima.

No caso da manhã de hoje, a sondagem indicou temperatura mais alta que na superfície entre 400 metros e 1.400 metros de altitude sobre Porto Alegre. Somente acima de 1.400 metros de altitude os dados mostraram temperatura inferior à observada em superfície, lembrando que à medida que a altitude se eleva a temperatura fica menor na troposfera.

Os dados às 9h de hoje mostraram temperatura em superfície de 15,2ºC e em 140 metros de 13,8ºC. Já a 400 metros de altitude, a temperatura medida saltou para 20,2ºC. A 600 metros era de 21,4ºC. Ao redor de 800 metros, 20,9ºC. A 900 metros, 21ºC. A 1.300 metros, temperatura de 18,1ºC. E a quase 1.600 metros de altitude fazia 16,5ºC. A 2.300 metros, a medição indicou 10,4ºC.

Quando a inversão é significativa, como hoje, nevoeiro ou camada de nuvens baixas tendem mais a se dissipar e algumas vezes sequer se dissipam. Em Porto Alegre, a dissipação somente ocorreu perto do meio-dia com a presença do sol, mas em alguns locais da Depressão Central as aberturas vão tardar mais.

No final da manhã, as imagens de satélite mostravam uma faixa de nuvens altas (em laranja) associadas às correntes de vento forte em grande altitude sobre a Metade Norte gaúcha. Já no Sul gaúcho, nuvens carregadas (também em laranja) traziam instabilidade no Sul gaúcho entre a Campanha e a região de Pelotas com chuva e trovoadas em alguns pontos.

A inversão térmica é consequência da gangorra térmica no Rio Grande do Sul que traz grandes contrastes de temperatura entre a massa de ar frio ao Sul e mais quente e seca ao Norte e que persiste por vários dias seguidos. Hoje, Jaguarão, no Sul, teve mínima de 12,6ºC. Em São Luiz Gonzaga, nas Missões, a temperatura não baixou de 19,7ºC.

O bloqueio atmosférico impede a progressão da instabilidade que se concentra na região de transição entre o ar frio e quente, no caso desta semana no Sul gaúcho que tem experimentado chuva frequente e mais uma vez nesta quarta-feira. No Norte e no Noroeste gaúcho, ar seco e quente predomina sem chuva.

Na faixa central do Estado, a gangorra se mostra com maior umidade e grande variação de temperatura entre períodos amenos ou quentes com mais frios, conforme o ar quente e frio avançam ora mais para Norte, ora mais para Sul, o que tem feito Porto Alegre, por exemplo, experimentar temperatura alta e baixa em poucas horas em alguns dias.

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