A área coberta por fumaça de queimadas na América do Sul chegou a 6 milhões de quilômetros quadrados neste fim de semana. O pico foi registrado no dia de ontem, conforme informações divulgadas pelo cientista Santiago Gassó, do Goddard Space Flight Center da agência espacial norte-americana NASA. Neste domingo, no começo da manhã, a área sob fumaça havia reduzido para 5,4 milhões de quilômetros quadrados.
“Ecossistemas são impactados de maneiras que ainda não entendemos muito bem. Nos últimos anos, várias brumas antropogênicas têm ocorrido onde o equilíbrio natural da luz solar está sendo interrompido. Embora a obstrução de curto prazo provavelmente não seja significativa. para o ecossistema vários dias de interrupção devem ter repercussão. Isso provavelmente está acontecendo agora na América do Sul, onde 25-40% de sua área foi coberta por uma espessa camada de fumaça por mais de 9 dias seguidos”, disse o pesquisador da NASA.
Ontem, a fumaça foi perceptível no céu com tom mais acinzentado em diversas cidades gaúchas. Imagens do satélite Terra da agência espacial norte-americana NASA mostraram muita fumaça de queimadas sobre o Rio Grande do Sul. As imagens indicaram um corredor de fumaça escoando pelo interior do continente do Sul da região amazônica até o Uruguai e os territórios gaúcho e catarinense.
A fumaça foi trazida pelo vento Norte a partir das queimadas que ocorrem em grande número no Norte da Argentina, no Paraguai, e nas regiões do Pantanal e da Amazônia. Havia ainda fumaça de origem local por queimadas nos Aparados da Serra e o Planalto Sul Catarinense.
Uma corrente de jato em baixos níveis da atmosfera, a cerca de 1.500 metros de altitude, trazia ar quente para o Estado e junto muita fumaça que é especialmente perceptível ao nascer e no pôr do sol. A temperatura no sábado passou dos 35°C na Grande Porto Alegre.
As queimadas na Amazônia vão terminar agosto acima da média histórica mensal. Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais mostram que até o dia 29 foram registrados no bioma Amazônia 27.335 focos de calor. Como faltam dois dias de dados ainda para o mês se encerrar e a média histórica de agosto é de 26.082 focos de calor, o número de queimadas neste mês já ultrapassou a média.
O quadro é especialmente grave no estado do Amazonas. O número de queimadas neste mês é o maior já registrado em toda a série histórica para agosto e qualquer mês do ano desde o começo das medições. Até o dia 29, o Amazonas tinha 7.766 focos de calor. O recorde para agosto e qualquer mês era de 6.668 focos em agosto de 2019. O número de 7.766 é 268% da média histórica de agosto de 2.889.