Pela segunda vez nesta primavera um corredor de fumaça de queimadas atinge o Rio Grande do Sul e alcançou neste fim de semana até áreas mais ao Sul, como o Uruguai e províncias centrais da Argentina, como Buenos Aires. Há muita fumaça avançando neste momento pelo interior da América do Sul a Leste dos Andes.
O céu ontem no final da tarde estava acinzentado em cidades do Noroeste do Rio Grande do Sul e as cores do sol eram realçadas ao entardecer pela grande quantidade de material particulado presente no corredor de fumaça que atua na região.
De acordo com os dados do Inpe, o número de focos de calor observados no estado do Amazonas pelo monitoramento de satélites entre os dias 1º e 21 de outubro foi de 3.159. O número supera o recorde estadual para outubro de 2.409, em outubro de 2009 e está muito acima da média histórica mensal 1998-2022 de 1.313 focos de calor.
Mas não é só fumaça da Amazônia que está alcançando o Rio Grande do Sul. O número de focos de queimadas aumentou nos últimos dias no Centro-Oeste pela onda de calor assim como no Paraguai. O número de queimadas no Paraguai supera a média histórica mensal de outubro.
O pior, porém, está na Bolívia. O país soma neste mês até o dia 21 um total 8.765 focos de calor e este deve ser um dos piores meses de outubro de fogo já observado no país. O recorde de outubro na Bolívia é de 2020 com 12.216 focos de calor. A média história de outubro é de 6.207.
A tendência é que a fumaça siga sobre o Rio Grande do Sul neste começo de semana, uma vez que persistirá a influência de uma corrente de jato (vento) em baixos níveis da atmosfera no interior do continente, trazendo a fumaça da Amazônia, Bolívia e o Centro-Oeste do Brasil para o Sul.
Este jato de baixos níveis é um corredor de vento a cerca de 1.500 metros de altitude que se origina na Bolívia e vem até as latitudes médias da América do Sul com ar quente e seco. Por isso, nos próximos dias, além da fumaça, o Rio Grande do Sul deve ter ar quente e forte calor principalmente na Metade Norte gaúcha.