No fim de semana, horas antes do primeiro dos dois grandes terremotos que atingiram destruição massiva no Norte da Síria e no Sudeste da Turquia, as agências de notícias distribuíam informes e imagens de uma tempestade de neve e frio intenso que castigava a região afetada pelos abalos sísmicos.

Quando a terra tremeu e prédios desmoronaram na madrugada desta segunda-feira, hora local, a neve caía ainda em algumas cidades. Sem abrigo pelas casas e apartamentos destruídos, muitos sobreviventes buscaram refúgio em automóveis para se aquecer. Em Gaziantep, uma das cidades turcas mais devastadas, a temperatura era de 2ºC e chovia.

O frio é agora a ameaça principal para as vítimas se a terra não voltar a tremer com violência. Os dados meteorológicos analisados pela MetSul para a região em torno do epicentro do terremoto, no Leste turco e no Norte sírio, apontam temperatura ainda mais baixa nos próximos dias com marcas que podem atingir valores tão baixos quanto 5ºC negativos e possibilidade de neve.

O frio se torna um elevado risco para a população local à medida que muito da infraestrutura foi destruída, inclusive de aquecimento, e ainda com uma enorme parcela de pessoas que perdeu suas moradias.

As baixas temperaturas ameaçam ainda a sobrevivência de pessoas que estão soterradas nos escombros de milhares de edifícios que vieram abaixo com a violência dos tremores de magnitude 7,8 e 7,5, respectivamente.

Modelos de clima que possuem tendência de mais longo prazo, como o norte-americano CFS e o europeu SEAS5, indicam que a Turquia vai ser o país com temperatura mais abaixo da média na região neste mês enquanto grande parte da Europa terá marcas acima da média.

O frio acima do normal se estenderá ainda à Síria, também brutalmente afetada pelos terremotos. Um evento devastador como os sismos e o frio concorrem numa área de extrema vulnerabilidade do planeta que concentra grande parte dos refugiados da guerra civil Síria e que já viviam em condições precárias.