A massa de ar frio que atuou no Sul do Brasil neste fim de semana coloca um ponto final, de fato, ao verão, mas não ao calor. Embora o verão tenha terminado pelo conceito da climatologia em 28 de fevereiro e pelo critério astronômico com o equinócio em 20 de março, as temperaturas no Rio Grande do Sul seguiam altas. O final da semana passada chegou a ter 35ºC, por exemplo, na Grande Porto Alegre.
O ar frio, impulsionado por um ciclone bomba no Atlântico Sul, entretanto, mudou a realidade térmica neste fim de semana. Tanto o sábado como este domingo foram dias por demais agradáveis no estado e que tiveram noites frias. O sábado já começou com marcas abaixo de 10ºC em algumas regiões, mas o frio mais amplo se deu cedo neste domingo.
No Rio Grande do Sul, as menores mínimas foram de 3,2ºC em Vacaria, 3,5ºC em Soledade, 3,9ºC em São José dos Ausentes, 4,2ºC em Getúlio Vargas e 4,9ºC em Bom Jesus. Na Grande Porto Alegre, a temperatura desceu a 11ºC tanto ontem como neste domingo.
Já em Santa Catarina, as mínimas hoje foram de 0,8ºC em Urupema, 2,5ºC em Curitibanos, 3,0ºC em Bom Jardim da Serra e Fraiburgo, 3,2ºC em Ponte Alta do Norte, 3,4ºC em São Joaquim, 3,5ºC em Caçador, 3,8ºC em Urubici e 4,8ºC em Lages. Paraná anotou 1,1ºC em General Carneiro.
As tardes do fim de semana foram, ademais, agradáveis. Porto Alegre teve 25ºC tanto ontem quanto hoje. A grande maioria das cidades gaúchas permaneceu com máximas abaixo de 25ºC em somente em municípios dos vales e do Oeste aqueceu um pouco mais neste domingo.
Por que se diz, então, que o verão terminou de fato, mas que isso não significa o fim do calor?
A temperatura ainda será baixa na madrugada desta segunda em diversos locais do Sul do país e até em São Paulo e no Sul de Minas Gerais, entretanto a tendência é de aquecimento gradual no decorrer da semana, sem previsão de forte calor no estado gaúcho. O tempo, inclusive, deve se instabilizar com chuva na segunda metade da semana no estado à medida que a umidade deve retornar.
Ocorre que a partir de agora a alta frequência de dias quentes que predominou entre o mês de dezembro e o final de março chega ao fim. Março, para se ter ideia, com base nos dados da estação de Campo Bom, foi o segundo mais quente na série histórica na estação de referência da Grande Porto Alegre que tem dados desde 1984. Apenas em 2002 março foi mais quente que 2023 na série.
Com predomínio de dias mais agradáveis ou amenos a partir de agora, os dias de calor vão ficar mais escassos. Mas, atenção, não acabam. Não vai deixar de fazer calor. Apenas que será menos frequente. Se mesmo no inverno ocorrem alguns dias de calor, mesmo nos anos de inverno mais rigoroso, não seria em abril que deixaria de fazer.
Assim, no que resta do mês ainda devem ser esperadas algumas tardes quentes, mas elas não serão numerosas. O calor que de fevereiro a março foi a regra, agora passa a ser exceção. A regra será dias mais agradáveis com clima típico de meia estação em que a noite é amena ou um pouco fria e a tarde mais agradável.
O outono, em regra, possui três períodos. No primeiro, até o fim da primeira quinzena de abril, costumam prevalecer as marcas mais elevadas nos termômetros com períodos esporádicos de calor mais forte. Na segunda metade de abril se dá o segundo, quando a frequência de dias amenos ou frios aumenta e já podem ocorrer, dependendo do ano, até algumas noites com geada. Este período perdura até a metade de maio, quando tem início o terceiro com características climáticas já próximas daquelas observadas no inverno.
Cabe lembrar que a MetSul projeta um outono de temperatura acima da média, o que não significa calor persistente porque as médias históricas são muito menores que na estação quente. Um outono frio de muitos dias de temperatura baixa é extremamente improvável. Isso, contudo, não significa que vai deixar de fazer frio. Os episódios de frio é que tendem a ser mais pontuais, eventualmente fortes. A tendência, assim, é que não ocorra frio persistente e muito prolongado neste outono de 2023.