A frequência de nevoeiro tem sido muito acima do normal nesta segunda metade do mês de junho em Porto Alegre. Praticamente todos os dias têm tido cerração na cidade e na região. Com o agravante de que em alguns dias a restrição de visibilidade permanece nas 24 horas do dia. O nevoeiro tem sido tão persistente nestes dias que, inclusive, afeta hoje a navegação na área de Porto Alegre.

Nesta segunda metade de junho a temperatura seguiu baixa em camadas da atmosfera mais próximas da superfície com ingresso de ar mais quente em altitude, o que acabou por gerar inversão térmica. A elevação da temperatura diurna com ar mais quente sobre águas muito mais frias que o normal na costa e na Lagoa dos Patos também influenciou a formação de nevoeiro. As águas do Oceano Atlântico estão com temperatura muito abaixo da média na costa do Rio Grande do Sul. E não somente na nossa orla, mas numa área que se estende da costa de província de Buenos Aires até os litorais do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. A alta freqüência de intensos pulsos de ar polar ao longo do outono trouxe as águas mais geladas à medida que a Corrente das Malvinas (fria) avançou bem para o Norte, invadindo áreas em que normalmente está a Corrente do Brasil (quente), como se vê nas imagens de temperatura da superfície do mar do SMN.
O mar pode influenciar a formação de nevoeiro. Como? O que ocorre? Ar mais quente ingressando de Noroeste/Norte e ao avançar sobre a camada de ar imediatamente acima do mar que está mais fria por conta das águas também frias, o contraste acaba por gerar nevoeiro. Por isso, muitas praias gaúchas têm tido bastante cerração agora neste final de junho, o que deve continuar ainda nos próximos dias com o avanço de ar quente a partir de Oeste na faixa costeira. Situação semelhante se observa também em áreas próximas da Lagoa dos Patos que, igualmente, está com águas mais frias do que o normal.


