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Uma grande intensificação da La Niña neste mês de outubro nas costas do Peru e do Equador mexe com o clima na América do Sul e favorece frio muito tardio e forte no Sul do Brasil, como se espera no começo de novembro. Modelos numéricos insistem numa massa de ar frio de grande intensidade para esta época do ano nos primeiros dias do próximo mês com formação de geada e temperatura negativa.

De acordo com o boletim semanal da NOAA de 17 de outubro, a anomalia de temperatura da superfície do mar era de -0,8ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central, que é usada para definir se há El Niño ou La Ninã. O valor está na faixa de fraca intensidade de -0,5ºC a -0,9ºC.

Por outro lado, a chamada região Niño 1+2, perto das costas do Equador e do Peru, que costuma impactar as precipitações mais no verão e a temperatura no Sul do Brasil em qualquer época do ano, apresentava chegou a ter uma anomalia de -2,0ºC, portanto um valor no patamar de La Niña muito intensa, inclusive de Super La Niña.

Tal área do Pacífico tem grande correlação com a chuva no Sul do Brasil durante os meses do final do final da primavera e do verão com maior probabilidade de estiagem se estiver em território negativo e maior chance de chuva perto ou acima da média se estiver em terreno positivo. Se negativa, tende a favorecer mais incursões frias no Sul do país e tardias na primavera, o que vem se verificando.


Desde a semana de 12 de dezembro de 2007 não se tinha uma anomalia negativa tão grande nas costas do Peru e do Equador, na denominada região Niño 1+2. Em dezembro, em 2007, a anomalia chegou a -2,4ºC. Também, desde outubro de 2007 o Pacífico Equatorial Leste não registrava uma anomalia tão abaixo da média. Em outubro de 2007, as anomalias semanais da região Niño 1+2 foram de -2,3ºC na semana de 3 de outubro, -1,9ºC em 10 de outubro, -2,2ºC em 17 de outubro, -1,8ºC em 24 de outubro e -1,5ºC em 31 de outubro.

No boletim semanal que ontem foi atualizado pela NOAA, de 24 de outubro, a anomalia medida no Pacífico Equatorial Central (região Niño 3.4) foi de -0,8ºC, assim na faixa de fraca intensidade, mas no Pacífico Equatorial Leste foi de -1,4ºC, marca que não é tão extrema como os -2ºC da semana anterior, mas no limite da forte intensidade para La Niña costeira.

Isso explica que a primavera até o momento tenha sido de calor escasso no Sul do Brasil com temperatura abaixo da média em muitas áreas. Nevou no primeiro dia da estação, o que não ocorria há muitos anos, e grande número de cidades, como Porto Alegre, chega ao dia 25 de outubro sem uma máxima sequer no mês até agora de 30ºC.

A influência da La Niña costeira, por exemplo, determina o ano mais frio em Lima, no Peru, em décadas, sem precedentes neste século e por períodos mais longo se considerar o final do século 20. O resfriamento das águas na costa Norte do Peru, em particular, determina a La Niña costeira e impacta não só o clima peruano como em outras áreas da América do Sul.

Sob este cenário, os modelos numéricos indicam para o começo do próximo mês temperaturas raramente vistas em novembro no Centro-Sul do Brasil nas últimas décadas e marcas tão baixas quanto -3ºC a -5ºC para cidades de maior altitude do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, sem mencionar a ocorrência de geada em muitos municípios do Sul do país.

Modelos projetam a possibilidade de mínimas de 5ºC ou menos na maior parte dos municípios gaúchos e até mesmo em pontos da região metropolitana de Porto Alegre na madrugada do dia 2 de novembro. Para se ter ideia de quão incomum é uma temperatura neste patamar, a temperatura mínima média histórica na capital gaúcha em novembro é de 17,2ºC na série histórica 1991-2020.

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