Carro submerso na inundação em um condomínio de apartamentos em Clearwater, Flórida, após a passagem do furacão Milton | BRYAN R. SMITH/AFP/METSUL METEOROLOGIA
O número de mortos provocados pelo furacão Milton aumentou para pelo menos 16 nesta sexta-feira, informaram as autoridades da Flórida, à medida que os moradores deste estado do sul dos Estados Unidos iniciam o processo de reconstrução de suas vidas e casas.
Quase 2,5 milhões de residências e estabelecimentos permanecem sem energia e algumas áreas devastadas pelas tempestades entre o Golfo do México e o Oceano Atlântico permanecem alagadas.
“Especialistas estimam […] que causou danos avaliados em 50 bilhões de dólares [R$ 281 bilhões]”, declarou aos jornalistas o presidente Joe Biden na Casa Branca, que assegurou que visitará a Flórida no domingo.
Milton alcançou a costa do Golfo da Flórida na noite de quarta-feira como furacão de categoria 3, de uma escala que vai até 5, com ventos que atingiram comunidades que ainda se recuperavam da passagem mortal do ciclone Helene há duas semanas.
Os tornados relacionados com Milton parecem ter causado mais mortes do que as enchentes. Um estudo da rede World Weather Attribution (WWA) divulgado nesta sexta-feira conclui que as chuvas que acompanharam Milton foram entre 20% e 30% mais intensas devido à mudança climática, e que os ventos foram 10% mais fortes. Em sua passagem, Helene deixou 237 mortos em todo o sudeste dos Estados Unidos, incluindo a Flórida.
Em Siesta Key, uma bela ilha-barreira perto de Sarasota, onde o ciclone tocou o solo, Milton deixou uma paisagem desoladora: algumas ruas seguiam inundadas nesta sexta, com árvores caídas e escombros que ficaram espalhados ao longo das estradas.
“É simplesmente terrível”, disse John Maloney, de 61 anos, proprietário de uma empresa de remodelação imobiliária, enquanto retirava galhos de árvores de uma casa próxima ao mar na qual estava trabalhando. “Mas acho que voltaremos a reconstruir”. Já Mark Horner, um morador de 67 anos, mostrou-se otimista. “Nosso paraíso voltará”, disse à AFP.
Em Fort Pierce, cidade na costa atlântica da Flórida, quatro pessoas morreram em um tornado gerado por Milton. “Foi muito assustador”, disse Susan Stepp, uma moradora de 70 anos. “Encontraram algumas pessoas mortas lá fora, em uma árvore”, contou. “Gostaria que elas tivessem evacuado”.
O marido de Stepp, Bill, contou que um tornado jogou seu trailer de 22 toneladas “para o outro lado do jardim”. “É assustador e doloroso ao mesmo tempo ver tantos danos e todas as coisas que você realmente ama desaparecerem, mas são apenas coisas e ainda estamos aqui”, disse o homem de 72 anos.
Ao menos seis pessoas morreram no condado de St. Lucie, quatro no condado de Volusia, duas no condado de Pinellas e uma nos condados de Hillsborough, Polk, Orange e Citrus, disseram as autoridades locais.
A tempestade derrubou cabos de energia, arrancou o telhado do estádio de beisebol de Tampa e inundou casas, mas a Flórida conseguiu evitar o nível de devastação catastrófica que as autoridades temiam. “A tempestade foi significativa, mas felizmente este não foi o pior cenário”, disse o governador Ron DeSantis em entrevista coletiva.
O Serviço Meteorológico Nacional emitiu 126 alertas de tornado em todo o estado na quarta-feira, o maior número em um único dia para o estado em registros que datam de 1986.
“Não é fácil pensar que você tem tudo e de repente não tem nada”, desabafou Lidier Rodríguez, que foi forçado a deixar seu apartamento inundado perto da baía de Tampa. As operações de busca continuam nesta sexta-feira e a guarda-costeira relatou o resgate espetacular de um capitão de barco que resistiu à tempestade agarrado a um refrigerador no Golfo do México.
“Este homem sobreviveu a um cenário de pesadelo até mesmo para o marinheiro mais experiente”, disse Dana Grady, chefe do centro de comando do Setor de São Petersburgo da guarda-costeira dos Estados Unidos, em nota. Na quinta-feira, o presidente Joe Biden pediu às pessoas que ficassem em casa após a tempestade, já que linhas de energia derrubadas e escombros tornam as condições perigosas.
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