Estudo mostra que bilhões de pessoas enfrentarão um número maior de dias de calor perigoso no futuro com a persistente tendência de aquecimento do planeta | STEFANI REYNOLDS/AFP/METSUL METEOROLOGIA

Com possível 3°C de aquecimento global até o final do século, mais de 5 bilhões de pessoas podem ser expostas a calor e umidade perigosos em número maior cada a cada ano, mostra estudo que acaba de ser publicado. As temperaturas são consideradas perigosamente quentes e úmidas para os seres humanos quando o índice de calor – uma medida de umidade relativa e temperatura do ar – excede 39°C.

Dias tão quentes podem levar a cãibras de calor e exaustão, enquanto aqueles com índice de calor acima de 51°C podem morte e são considerados extremamente perigosos. Lucas Zeppetello, da Universidade de Harvard, e seus colegas modelaram uma série de cenários de emissões de gases de efeito estufa com base na população global e no crescimento econômico até o final do século.

Eles descobriram que a temperatura média global aumentaria entre 2,1°C e 4,3°C até 2100. Os pesquisadores então analisaram como esse aquecimento global mudaria o calor e a umidade em escala local. Os pesquisadores assumiram que o clima diário futuro se assemelharia a padrões históricos. “Esperamos que nossos junhos tenham o mesmo sabor de junho que vimos nos últimos 20, 30 anos. Apenas um pouco mais quente. E mais seco e úmido em alguns lugares”, diz Zeppetello.

Os cientistas descobriram ainda que no cenário de aquecimento mais provável de 3°C até 2100, as regiões tropicais e subtropicais experimentariam dias perigosamente quentes por um quarto a metade de cada ano até 2050 e na maior parte de cada ano até o final do século.

Nesse cenário, 5,3 bilhões de pessoas na Índia, na África Subsaariana e na Península Arábica estariam expostas a um calor extremamente perigoso com o índice de calor ultrapassando 51°C em 15 ou mais dias por ano até 2100.

Lugares muito mais distantes do equador podem ver entre 15 e 90 dias de calor perigoso a cada ano. Uma análise detalhada de Chicago – onde uma rara onda de calor em 1995 matou cerca de 500 pessoas – mostrou que esse calor pode se tornar um evento anual lá.

Cascade Tuholske, da Universidade Estadual de Montana, que não esteve envolvido no trabalho, chama as descobertas de “alarmante” e diz que interromper as emissões é a melhor maneira de evitar os impactos do calor extremo. Outras adaptações necessárias incluem ar condicionado confiável e melhor educação sobre os perigos do calor, diz ele. “Precisamos que as pessoas entendam: o calor mata”, diz Kristie Ebi, da Universidade de Washington, em Seattle.