O meteorologista e diretor-geral da MetSul Eugenio Hackbart considera o atual período seco o pior na região de São Leopoldo dos últimos 15 anos. Hackbart destaca que no ano de 1988 a estiagem perdurou durante 129 dias (1º de fevereiro a 8 de junho) com déficit de 286,6 mm. Em 2006, o período muito seco acumulou um déficit de 220,2 mm durante 109 dias entre 25 de janeiro e 15 de maio. Já em 2012, do dia 26 de fevereiro até agora a precipitação está abaixo da média na estação da MetSul em São Leopoldo com um déficit no período de 161,4 mm que aumenta a cada dia. Fotos aéreas feitas na tarde de terça-feira pelo repórter Diego da Rosa do Grupo Editorial Sinos evidenciam a baixa do Rio dos Sinos neste seco mês de maio.



A situação é cada vez mais complicada também no Vale do Taquari. O nível do Taquari é reputado como um dos mais baixos dos últimos setenta anos. A forte baixa do rio deixou à mostra uma rocha próxima à cidade de Colinas que grava datas de estiagens anteriores e que normalmente está submersa, informa o Correio do Povo de hoje. Na estiagem do ano de 1943, o morador Rodolfo Binicker gravou a data de 11 de maio daquele ano no rochedo. A atual seca na região já superou a marca de 1943, já que o rio está ao menos 20 cm mais baixo que o ponto marcado na época, o que tem chamado atenção. Às margens do rio Taquari em Colinas, outras marcas indicam as secas de 1945 e 1985 (fotos de Deoli Graff do Correio do Povo).



Não só os cursos d’água sofrem com a estiagem. O solo também. Muitos produtores rurais pelo Estado estão assustados com a reduzida umidade do solo diante da safra de trigo. De acordo com o engenheiro agrônomo Nilo Cortez, da Emater, as plantas estão verdes pelo mínimo de chuva que tem ocorrido e o orvalho que umedece as folhas e repõe água à vegetação.  “Mas se cavoucarmos a terra podemos perceber que o chão está seco e impróprio para plantar”, disse o expert da Emater.


Rio Carreiro em Serafina Correa por Marcelo Zanetti



Arroio Forqueta em Arroio do Meio por Jorge Kasper

E se não bastasse terra e água sendo afetados pela estiagem, também a qualidade do ar se deteriorou neste maio muito seco. Problema crônico trazido da estação seca (inverno), sobretudo em agosto, na cidade de São Paulo é o aumento dramático dos índices de poluição em longas sequências de dias sem chuva. Quando há inversão térmica, que traz nevoeiro, a dispersão dos poluentes é ainda mais reduzida e o quadro fica até crítico. Porto Alegre está longe de ser uma São Paulo, contudo o atual período seco deste mês de maio contribuiu para que a qualidade do ar na região metropolitana se deteriorasse.


Camada de poluição sobre Porto Alegre por Leonardo Lima

Tempo seco deste mês prejudica a dispersão de material particulado e ar fica mais sujo em Porto Alegre por Vinicius Roratto do Correio do Povo

Camada marrom podia ser vista (“smog”) sobre Porto Alegre e a região metropolitana nesta semana. O chamado IQAr, índice que mede a qualidade do ar, divulgado pela Fepam, era de 61 na terça-feira nas estações de Charqueadas e Canoas. Na segunda, os valores medidos nos dois locais estavam entre 51 e 52. Valores entre 0 e 50 de IQAr indicam qualidade do ar boa, mas entre 51 e 100 acusam condição apenas regular. Em outubro do ano passado, Porto Alegre teve recorde de má qualidade com absurdo IQAr de 221 pela cinzas do vulcão. Neste maio, até agora, houve um único dia com mais de 1 mm na Capital.