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A tarde desta quinta-feira foi marcada por fortes temporais com chuva extrema no Vale do Rio Pardo e na Região Carbonífera, no Centro do Estado. A precipitação foi torrencial com altos volumes em cidades como Triunfo, General Câmara, Charqueadas e São Jerônimo. A chuva veio com vento e até granizo isolado. As águas subiram rapidamente e chegaram a invadir algumas casas. Ruas se transformaram em rios. Em Triunfo, um muro desabou. Houve queda de árvores. Em Charqueadas, a rodoviária do município ficou inundada. Já a cidade vizinha de São Jerônimo também registrou alagamentos.


Ruas de Charqueadas se transformaram em rios após o intenso temporal de chuva extrema – Claudinho Silva/Especial/CP

Em Santa Cruz do Sul, a situação foi descrita como caos. A chuva que atingiu o Vale do Rio Pardo voltou a causar danos. Diversos pontos da cidade e de Vera Cruz registraram alagamentos que dificultaram o retorno para casa (fotos abaixo do Portal Gaz da Gazeta do Sul). A Defesa Civil confirma que ao menos duzentas casas foram alagadas apenas no Bairro Progresso. Em loteamento, bombeiros e a Defesa Civil resgataram pessoas que tiveram as casas inundadas pela forte chuva.


A equipe utilizou um bote para retirar os moradores dos locais de risco. Em algumas ruas a água atingiu mais de um metro de altura. O Exército também foi mobilizado para auxiliar na operação. Desde que começou a chover na terça até o fim da tarde de hoje a precipitação somou 140 mm em Santa Cruz do Sul, cerca de metade do volume em só uma hora na tarde de hoje.


Graves alagamentos marcaram entarderdecer em Santa Cruz do Sul com resgate por botes –  Rodrigo Assmann/Gazeta do Sul

Por que Santa Cruz do Sul, cidades próximas e a Região Carbonífera “submergiram” nesta quinta-feira? Primeiro, o risco de chuva intensa era alertado. A MetSul advertiu sobre a ameaça de chuva localmente torrencial e volumosa hoje do Centro para o Norte do Estado” e destacou a ameaça nos vales: “risco de pancadas de chuva localmente fortes a intensas, incluindo a região do Vale do Rio Pardo”. O que causou o verdadeiro dilúvio nas duas regiões foi o encontro de ar mais seco e frio vindo de Sul e Oeste que encontrou a atmosfera ainda quente e saturada de umidade sobre o vale. O ar mais frio condensou a grande quantidade de umidade que havia na região e as nuvens despejaram enorme volume de água. O cenário desta quinta-feira, aliás, era muito parecido com o do dia 14 de março de 2012, quando dilúvio semelhante alagou durante a manhã Porto Alegre (link) depois de uma área de instabilidade intensa se formar no Vale do Rio Pardo e avançar para a área da Capital.


Imagens de radar mostrando a intensa instabilidade sobre Santa Cruz do Sul e a Região Carbonífera às 16h30m hoje

Porto Alegre teve, sem exagero, muita sorte desta vez. A área de instabilidade que provocou os volumes de chuva extremos na Região Carbonífera às 16h de hoje avançou (não desviou) para a Capital, onde só causou chuva fraca com trovoadas uma hora depois. No curto caminho entre a Região Carbonífera e Porto Alegre, a área de instabilidade perdeu muita força e rapiamente. A Capital já tinha registrado pancadas de chuva com trovoadas no final da quarta e nas primeiras horas de hoje (foto abaixo de Fernando Mainar), mas sem transtornos. Onde mais choveu foi no Lami, onde o Metroclima anotou 44 mm.


O ingresso de massa de ar seco e de maior pressão atmosférica afasta a instabilidade e a cobertura de nuvens diminui bastante nesta sexta-feira no Rio Grande do Sul. O sol vai aparecer em todo o Estado no decorrer do dia, apesar da maior presença de nuvens e até instabilidade isolada nas primeiras horas desta sexta no Norte e no Nordeste gaúcho. A temperatura estará agradável e não se repetirá a sensação de abafamento e ar “pesado” dos últimos dias. O tempo ensolarado segue no fim de semana com noite um pouco frias e tardes quentes. Faz mais calor no domingo. O vento sopra moderado em horas da tarde e do começo da noite. Esquenta bem mais no começo da semana, antecedendo o retorno da chuva por uma frente fria.