Apenas 72 horas depois do início do outono, o Rio Grande do Sul registrou seu primeiro episódio de tempo severo. Eventos severos ocorrem em qualquer época do ano no Estado, mas a atual estação é a com menor frequência de tempestades. Na quarta-feira, 21, vento intenso castigou a cidade de Rio Grande, provocando muitos estragos.

Quem esteve na localidade da Quinta, em Rio Grande, ficou espantado com a severidade dos danos (fotos acima de Ricardo Irigom) após a tempestade da noite de quarta-feira. Apesar do temporal de chuva e vento ter provocado estragos ou transtornos em muitos pontos entre Rio Grande e Pelotas, os danos foram graves numa área limitada da Quinta. Morador viu o segundo piso do seu sobrado ser levado pelo vento. Posto de combustível foi destruído. Postes de concreto quebraram. Na Praticagem do Porto, a rajada máxima alcançou 55 nós (101 km/h), e não 140 km/h como informado por canal de televisão, mas os danos na Quinta só podem ter sido causados por velocidade superior. O provável é que frente de rajada tenha passado pela cidade portuária, mas não é possível se descartar que na região da Quinta a linha de tempo severo possa ter produzido até um tornado. O tempo severo localizado esteve associado ao deslocamento de uma frente fria que encontrou o ar quente e úmido no Estado. 

Na quinta foi a vez do Vale do Rio Pardo ser atingido. A região serrana de Encruzilhada do Sul e o interior de Candelária foram atingidos por uma granizada. De acordo com os moradores de Rincão das Rosas, a cerca de 30 quilômetros do Centro de Encruzilhada, 15 minutos de granizo foram suficientes para cobrir de branco a região e causar estragos em casas e lavouras (fotos de Jardel Oliveira/Gazeta do Sul).

O temporal de granizo em Encruzilhada esteve associado a células de tempestade muito isoladas que se formaram em grande número entre a Serra do Sudeste e o Centro gaúcho do meio para o final da tarde de quinta (22). Várias podiam ser observadas pelo radar nas áreas de Caçapava do Sul, Cachoeira do Sul e Encruzilhada do Sul. Foram formadas pelo avanço de ar frio do Sul após a passagem de uma frente fria, uma vez que a atmosfera no Estado ainda estava aquecida naquela tarde.


Estudo sobre a ocorrência de granizo no Rio Grande do Sul revelou que o fenômeno tem maior incidência aqui no Estado nas áreas de altitude (Serra, Aparados e Planalto Médio), sendo mais comum na primavera e no verão e menos freqüente justamente no outono. O mês de março, conforme a pesquisa, é justamente o que costuma registrar menos granizo no território gaúcho. No outono, de acordo com a análise da MetSul, são comuns as granizadas associadas a áreas de baixa pressão em níveis médios e altos da atmosfera que costumam se deslocar de Oeste para Leste na América do Sul.