Os principais gestores de comunicação pública do Rio Grande do Sul estiveram reunidos em um painel realizado na Pontíficia Universidade Católica (PUC) que debateu como pode ser aprimorado o processo de informação à sociedade durante desastres, como os que recentemente assolaram o estado.
Entre junho e setembro, dois ciclones extratropicais e uma enchente catastrófica foram responsáveis por 77 mortos no Rio Grande do Sul, conforme levantamento da MetSul Meteorologia. Os número da Defesa Civil estadual indicam um saldo oficial de 73 vítimas fatais por chuva e vento. O maior desastre foi a enchente histórica do Vale do Taquari, entre os dias 4 e 5 de setembro, com 51 mortes.
O evento, que teve como tema “desafios na comunicação pública na gestão de riscos e desastres”, foi promovido pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos), da PUC-RS. A organizadora do evento, professora Rosângela Florczak, destacou em sua fala inicial “a necessidade de se promover o diálogo entre profissionais e pesquisadores sobre os recentes eventos climáticos extremos no estado gaúcho, acrescentando que a academia pode oferecer sugestões metodológicas e estratégicas ao mercado no enfrentamento comunicacional dos desastres.
O jornalista e secretário-adjunto de comunicação do governo do Rio Grande do Sul, Alexandre Elmi, descreveu que as sucessivas crises enfrentadas por desastres durante os últimos anos foram um aprendizado e oferecem lições para a melhoria da comunicação de riscos no estado.
Segundo Elmi, o Palácio Piratini anunciará nos próximos dias novas iniciativas voltadas a aumentar a resiliência do Rio Grande do Sul para eventos extremos diante da crise climática com grupo de trabalho especializado em mudanças no clima. A iniciativa seguirá os moldes do grupo de trabalho de cientistas que orientou o governo durante a pandemia.
Representado a Prefeitura de Porto Alegre, o também jornalista e secretário municipal de comunicação Luiz Otávio Prates, enfatizou a importância de em momentos de crise, como um desastre, da informação chegar a todo momento ao público. “Mesmo que não haja ocorrências deve ser informado pois se trata de uma informação relevante”, observou.
A Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul também se fez presente no evento. Janis Morais, com vasta experiência em enchentes no estado após trabalho do Serviço Geológico Brasileiro, destacou o trabalho de conscientização junto às prefeituras para mitigação do risco de desastres.
Morais sublinhou a importância da iniciativa “Rede Local Clima”, uma rede colaborativa de dados de eventos climáticos dos municípios gaúchos. Em sua apresentação, abordou como a comunicação de riscos se torna mais eficiente com mapas, infográficos, fotos e vídeos. Recordou ainda a participação da meteorologista da MetSul Estael Sias durante o congresso de prefeitos de junho em que a profissional da previsão do tempo alertava para os meses críticos que viriam por conta do fenômeno El Niño.
O evento na PUC-RS teve ainda a participação das jornalistas da Defesa Civil Estadual Sabrina Ribas, e da coordenadora de comunicação da Defesa Civil de Porto Alegre Bárbara Barbieri. Ambas assinalaram a importância de atender os meios de imprensa nos momentos de crise e o enorme desafio de gerar informação sob enorme demanda durante os desastres.
O painel foi encerrado com a apresentação do representante da startup Hopeful, que está dentro do Tecnopuc. O empreendimento, dentre outras ações, estimula que os gestores sejam treinados para gestão de desastres. Abner de Freitas, da Hopeful, por meio de estudos de casos do Brasil e a experiência dos Estados Unidos, apontou como a comunicação de riscos é mais eficiente com mensagens simples e consistentes vindas de fontes confiáveis.