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O Centro-Oeste do Brasil torra com calor perto de 45ºC enquanto o Sul do Brasil tem frio em pleno mês de outubro, quando já deveria estar mais quente com o avanço da primavera. São realidades totalmente opostas e que surpreendem o público, afinal como pode haver tanta diferença de temperatura de uma região para a outra.

A temperatura máxima da quinta-feira na estação do Instituto Nacional de Meteorologia em São José dos Ausentes, a cidade mais fria do Rio Grande do Sul, não passou de 10,6ºC. Uma máxima mais típica de junho ou julho que do mês de outubro, muito abaixo dos padrões desta época do ano, quando a cidade dos Campos de Cima da Serra deveria estar à tarde com marcas perto ou ao redor dos 20ºC.

Na mesma hora, a cidade de Cuiabá, Mato Grosso, registrava 44,2ºC no dia mais quente da história da capital mato-grossense. A temperatura máxima na estação convencional foi recorde absoluto desde o começo das medições. A marca superou o recorde prévio de 44,0ºC, de 30 de setembro de 2020.

Há uma massa de ar excepcional e raramente tão quente neste momento sobre o Centro-Oeste do Brasil. A maior temperatura observada ontem no Brasil se deu no estado de Goiás com 44,3ºC no município de Aragarças, na divisa com o Mato Grosso.

No Mato Grosso, além dos 44,2ºC de Cuiabá, as máximas da quinta-feira foram de 42,8ºC em Rondonópolis; 42,1ºC em Porto Estrela; 40,9ºC em Guiratinga, Gaúcha do Norte e Rosário Oeste; 40,5ºC em Paratininga; e 40,0ºC em Vila Bela da Santíssima Trindade e Pontes e Lacerda.

Já no Mato Grosso do Sul, as máximas da quinta chegaram a 42,2ºC em Coxim; 42,1ºC em Porto Murtinho; 42,0ºC em Miranda; 41,5ºC em Nhumirim; 41,4ºC em Corumbá; e 40,8ºC no município de Aquidauana.

O que está acontecendo para que o calor seja tão extremo e muito fora do normal no Centro-Oeste enquanto no Sul a temperatura está mais baixa do que deveria para esta época do ano. O mapa sinótico da América do Sul neste momento ajuda a explicar o que está ocorrendo.

INMET

A carta sinótica do Instituto Nacional de Meteorologia de ontem mostrava um centro de baixa pressão entre o Paraguai, a Bolívia e o Centro-Oeste do Brasil. Trata-se de área de baixa pressão térmica e associada a calor muito intenso. A Bolívia registrou na quinta máxima de 43,7ºC em San José de Chiquitos enquanto o Paraguai foi a 42,4ºC no Alto Paraguay.

A mesma carta mostrava um centro de alta pressão a Leste da província de Buenos Aires e na foz do Rio da Prata. Este centro de alta pressão está associada a uma massa de ar mais frio e que é impulsionado por um ciclone extratropical, uma baixa pressão, visível na carta sobre o Atlântico Sul e do qual derivava uma frente fria até a costa do Sudeste do Brasil.

NOAA

Na imagem de satélite era possível observar nitidamente o ciclone sobre o oceano e a faixa de nuvens que fazia a transição entre o bolsão de ar quente no Centro-Oeste e o ar mais frio a ameno que cobria muitas áreas do Sul do Brasil e ainda o Sul e o Leste do estado de São Paulo. Por isso, a quinta-feira ainda teve chuva e forte no Noroeste do Rio Grande do Sul com acumulados de precipitação que passaram de 50 mm em algumas localidades.

Mas aí ficam as perguntas? Segue o calor absurdo e raro no Centro-Oeste do Brasil? A temperatura segue baixa no Sul? Então, sim e não. No caso do Centro-Oeste, a previsão é de o calor aumentar ainda mais com temperatura máximas que podem atingir 45ºC a 46ºC. O calor muito intenso a extremo do Centro-Oeste vai se estender no começo da semana a grande parte do estado de São Paulo e a parte de Minas Gerais.

METSUL

No Sul, a tendência é que ar mais quente típico desta época do ano ingresse na região neste fim de semana. Vai fazer calor, mas nada fora do normal. As máximas vão ficar perto ou pouco acima da climatologia histórica de outubro. Porto Alegre, por exemplo, que na quinta-feira teve máxima apenas de 22ºC pode ir a 30ºC no domingo.

Só que ninguém no Rio Grande do Sul deve esperar calor prolongado ou onda de calor até o fim deste mês. Haverá alguns dias quentes, como o domingo, mas não se projeta temperatura alta persistente. A grande maioria dos dias até o fim do mês será marcada por temperaturas máximas abaixo ou ao redor da média histórica de outubro.