A previsão para as próximas horas indica a formação de um ciclone subtropical junto ao litoral do Rio Grande do Sul que, conforme o alerta da MetSul Meteorologia, poderá provocar rajadas de vento fortes a intensas que podem passar dos 100 km/h em alguns pontos.
Os dados indicam que o ciclone vai se formar sobre o Atlântico na costa do Litoral Sul, na faixa costeira entre Rio Grande e Santa Vitória do Palmar. O sistema, então, numa trajetória retrógrada, vai avançar para o continente e alcançar a Campanha gaúcha. Após, avançará para Leste-Nordeste pelo Leste gaúcho até a região de Porto Alegre à medida que enfraquece, movendo-se depois de volta para o Atlântico.
Mas o que esse ciclone tem de diferente dos demais? A regra é que os ciclones (centros de baixa pressão) não tenham características subtropicais ou tropicais no litoral do Brasil, mas em quase todos os anos ocorre ao menos um. Já os ciclones extratropicais são comuns no Atlântico Sul e se formam principalmente das latitudes do Rio Grande do Sul para o Sul.
A diferença entre um ciclone extratropical e um ciclone subtropical está na estrutura, localização e mecanismos que os alimentam. O ciclone extratropical, que é o comum em nossa região, se forma em latitudes médias e altas, associado a frentes frias e quentes, e é alimentado por diferenças de temperatura entre massas de ar frio e quente (gradiente térmico horizontal). Possui um núcleo frio, com temperatura central menor que nos arredores, com frentes meteorológicas bem definidas.
Já o ciclone subtropical se forma em latitudes subtropicais, geralmente entre 20° e 40°, e sua alimentação é mista, combinando gradiente térmico horizontal com processos associados ao calor liberado pela condensação de vapor d’água. Ele apresenta uma estrutura intermediária, com características de ciclones tropicais e extratropicais, e um núcleo parcialmente quente ou quente em níveis altos da atmosfera.
Uma vez que o Brasil batiza com nomes ciclones chamados atípicos, os subtropicais e os tropicais, o que não ocorre com os extratropicais, este ciclone pode ser batizado com um nome, o que não ocorre com um ciclone na costa gaúcha desde 2022.
Se o sistema passar a apresentar vento sustentado de 60 km/h ou mais, o que deverá ser o caso deste ciclone do fim de semana no litoral, deixará de ser uma depressão e se converterá em tempestade subtropical, recebendo a partir daí um nome e que seria Biguá, ou ave marinha na língua tupi.
Com efeito, de acordo com as Normas da Autoridade Marítima para Meteorologia Marítima (NORMAM-19), da Marinha, para que haja a classificação do ciclone como tempestade subtropical ou tropical e a sua nomeação, os ventos deverão ser iguais ou superiores a 34 nós ou 63 km/h.
O fato de o ciclone ser subtropical ou mesmo receber um nome não significa que seja de alto potencial destrutivo. Ciclones extratropicais, que são comuns e não são batizados com nome, se intensos, podem trazer maior impacto, como se viu no ciclone extratropical intenso de 13 de julho do ano passado com vento de 150 km/h no Rio Grande do Sul e 160 km/h em Santa Catarina.
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