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Guaíba segue perto de 2,60 metros neste feriado | FERNANDO OLIVIERA

O nível do Guaíba segue muito alto mesmo com a diminuição da vazão dos rios contribuintes e sem a presença de vento Sul moderado a forte. O nível medido no Cais Mauá, junto ao Centro da capital, estava praticamente estabilizado no começo desta quarta-feira com marcas ao redor de 2,60 metros e pequenas oscilações.

Trata-se de um nível muito alto e perto do pico da cheia registrado uma semana atrás. Possível explicação para a não baixa do Guaíba está na Lagoa dos Patos, que se encontra com o nível muito alto ao receber todo o volume de água das últimas semanas dos rios que enfrentaram cheias, e algumas históricas, como o Jacuí, Taquari, Sinos e Gravataí. Com a lagoa muito alta, o efeito que se opera é semelhante ao do vento Sul de represamento porque a água do Guaíba tem maior dificuldade em escoar.

O pico da atual cheia se deu na manhã do dia 14, na última quinta-feira, com marca que raramente se observa. Chegou a 2,70 metros no Cais Mauá, apenas 30 centímetros abaixo da cota de transbordamento no Centro. No Sul da cidade, com cotas de extravasamento menores, houve alagamentos. Nas ilhas, a situação já ruim piorou. Com o nível muito elevado, as águas do Guaíba refluíram pela rede pluvial e alagaram ruas no Quarto Distrito.

A cota de 2,70 metros do dia 14 só é superada neste século pelo registro de 2,97 metros de outubro de 2015 e bateu as de várias cheias daquele ano de Super El Niño. Superou a da grande cheia de outubro de 2016 (2,65 metros), da de 1984 (2,60 metros) que levou o então prefeito João Dib a fechar o portão da Mauá no Cais (o que só se repetiria em 2015), das cheias de 1965, 1966 e da primeira de 2015 (2,56 metros), e da de 2002 (2,52 metros). Ficou abaixo dos 2,97 metros de 2015, os 3,13 metros de 1967 e os 4,76 metros de 1941.

Com a grande cheia do Taquari do começo do mês e também do Jacuí, o Guaíba atingiu o seu primeiro pico de cheia no dia 7 com 2,46 metros. Após, começou a baixar. No final da segunda-feira (10), o nível era de 1,96 metro, mas então veio um vendaval com vento Sul e uma vez mais começou a subir novamente com a persistência do represamento pelo vento Sul e a chuva que passou de 100 mm, atingindo os 2,70 metros da quinta (14) sob forte vento Sul.

Na sexta (15), com o vento passando para Norte, o Guaíba recuou para 2,50 metros e durante todo o fim de semana (16 e 17 de setembro) se manteve estável ao redor dos 2,50 metros com oscilações que variaram entre 2,49 metros e 2,53 metros.

Imagem de satélite mostra cheia do Guaíba no último fim de semana | ADAM PLATFORM

Com ingresso de vento Sul na manhã de segunda (18), o Guaíba começou nova trajetória de alta e atingiu 2,62 metros no começo da tarde da segunda-feira, recuando depois para 2,53 metros no começo da madrugada de ontem antes de se elevar rapidamente para 2,68 metros no início da manhã da terça. Depois, recuou durante o dia e se manteve entre 2,57 metros e 2,60 metros desde ontem à tarde.

A grande cheia do Guaíba em Porto Alegre decorre principalmente de outras duas grandes. O Taquari, segundo maior contribuinte, experimentou a maior cheia desde 1941 no começo do mês. Na sequência, o maior contribuinte que é o Jacuí passou pela terceira maior cheia desde 1941.

No fim de semana, a cheia do Jacuí na régua de Cachoeira do Sul, ao atingir 25,55 metros do sábado no ponto de medição da Ponte do Fandango, superou a marca de outubro de 2015, quando o nível chegou a 25,53 metros. Em Rio Pardo, que está em situação de emergência desde o final da semana passada pela enchente, é uma das maiores enchentes desde 1941. Tanto em Cachoeira do Sul como em Rio Pardo o Jacuí está baixando.