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Uma mulher se refresca com garrafas de água gelada, distribuídas pela Cruz Vermelha Helênica perto da entrada do sítio arqueológico da Acrópole, em Atenas. Grécia é atingida por uma nova grande onda de calor. Sítios arqueológicos, incluindo a Acrópole, estarão fechados nas horas mais quentes do dia devido à alta temperatura. | LOUISA GOULIAMAKI/AFP/METSUL METEOROLOGIA

A Europa enfrenta nestes dias algumas das temperaturas mais altas do verão de 2023 até agora, à medida que uma “bolha de calor” se expande sobre a metade Sul do continente. Esse padrão atmosférico permite que uma massa de ar quente se acumule sob um sistema de alta pressão, criando condições estáveis e secas por um prolongado período com temperatura excessivamente altas.

Acredita-se que a Europa esteja atualmente experimentando o pico desta onda de calor, com partes da Grécia, Leste da Espanha, Sardenha, Sicília e sul da Itália registrando temperaturas acima de 45°C. Roma teve o dia mais quente já registrado com um recorde de máxima de 41,8ºC na terça, batendo o recorde anterior de junho de 2022 de 40,7ºC.

O calor extremo atual é devido a um anticiclone, um sistema de alta pressão, que domina a atmosfera superior no Sul da Europa. Além de comprimir e aquecer o ar, os sistemas de alta pressão estão associados à redução da cobertura de nuvens, permitindo que mais radiação solar chegue ao solo, explica o Sistema Copernicus da União Europeia.

Isso permite um aquecimento substancial da superfície pelo sol, calor que então se move para cima na atmosfera. Os longos dias e as noites curtas do verão significam que este efeito de aquecimento é maximizado com a piora do calor a cada dia enquanto persistir a bolha de calor.

Ventos de grande escala, advecção, soprando ar quente, por exemplo, do Norte da África para a Europa, também podem contribuir para estas ondas de calor. Para a onda de calor atual, contudo, esse fator parece ser menos importante, diz o Copernicus.

Outra possível influência nas temperaturas extremas atuais é uma onda de calor marinha do Oceano Atlântico Norte. Durante junho e início de julho, o Oceano Atlântico esteve muito mais quente que a média, especialmente perto da América do Norte e da Europa.

Embora a circulação atmosférica possa afetar o oceano, o oposto também é verdadeiro. Por exemplo, as ondas de calor oceânicas podem afetar os padrões de circulação atmosférica e também aquecer as massas de ar acima delas. As anomalias da temperatura da superfície do mar no Leste do Atlântico Norte diminuíram desde o pico excepcional em junho, mas as ondas de calor marinhas continuam em partes da região.

Se a cúpula de calor não for interrompida, é possível que a Europa enfrente mais episódios de calor extremo neste verão, a menos que ocorra uma grande mudança na circulação atmosférica geral, adverte o Sistema Copernicus. Os dados do modelo europeu analisados pela MetSul indicam que o calor cede no começo de agosto em grande parte da Europa e que o calor toma conta do continente na segunda metade do mês que vem.

As temperaturas para a Europa como um todo mostram tendências de aquecimento de longo prazo para as médias anuais e sazonais (estações). A temperatura anual de 2022 foi a segunda mais alta já registrada na Europa e 0,3°C inferior a de 2020, o ano mais quente já registrado. Os dez anos mais quentes já registrados na Europa ocorreram desde 2000, e os cinco anos mais quentes ocorreram desde 2014. O verão de 2022 foi o mais quente já registrado, por uma larga margem, com 1,4°C acima da média.

A temperatura média na Europa era apenas um pouco mais alta no início dos anos 1980 do que cem anos antes, mas aumentou acentuadamente nos últimos quarenta anos. O valor médio dos últimos cinco anos é cerca de 2,2°C superior aos valores típicos da segunda metade do século XIX. Este aumento de temperatura para a Europa é cerca de 1°C maior do que o aumento correspondente para o globo como um todo. A Europa também se aqueceu mais rápido do que qualquer outro continente nas últimas décadas.

Embora a atual onda de calor deva durar até ao redor dos dias 25 e 26 de julho, outro período de temperaturas extremas pode ocorrer se a cúpula de calor persistir. As previsões sazonais do modelo climático europeu C3S indicam que as temperaturas muito acima da média vão seguir em quase toda a Europa até o final do verão.

Junho foi o mais quente já registrado para o globo como um todo, e os primeiros 15 dias de julho foram os 15 dias mais quentes já observados no planeta. Isso significa que a chance de ter um verão recorde no Hemisfério Norte não é remota”, disse Carlo Buontempo do Copernicus.