A MetSul Meteorologia alerta para uma cheia de grandes proporções do Rio Uruguai na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. A enchente em cidades da fronteira como São Borja, Itaqui e Uruguaiana será a maior em anos, adverte a MetSul. Há potencial para um grande número de desabrigados.
Por que se espera uma grande enchente? O Rio Uruguai ainda passa por uma cheia em consequência da chuva ocorrida nos primeiros dez dias do mês e agora tem uma nova onda de vazão ainda maior que a anterior pela chuva excessiva ocorrida no começo desta semana entre o Norte do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Dados de estações de monitoramento brasileiras e argentinas na parte média da bacia, junto ao Noroeste do Grande do Sul, mostram uma forte elevação do nível do rio que atinge cotas de inundação e evacuação, superando o primeiro pico de cheia do Uruguai de dias atrás.
Monitoramento do governo da Argentina do nível do Rio Uruguai na localidade de El Soberbio, junto ao extremo Noroeste do Rio Grande do Sul, indicava que o Uruguai estava ao meio-dia desta quarta-feira com 17,60 metros e ainda subindo, assim muito acima da cota definida como de evacuação pelo argentinos de 13,00 metros.
O nível medido de 17,60 metros supera o pico observado na primeira onda de vazão que trouxe enchente nos últimos dias na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. No primeiro pico de vazão, em El Soberbio, a cota máxima alcançada foi de 15,90 metros, no dia 9 de outubro.
Assim, municípios como São Borja, Itaqui e Uruguaiana devem se preparar para uma cheia ainda maior que a enfrentada nos últimos dias com moradores fora de casa e um grande número de áreas alagadas, nas zonas rurais ribeirinhas e mesmo nas zonas urbanas destes municípios. A enchente vai afetar mais tarde cidades do Uruguai e da Argentina na fronteira entre os dois países.
Mais chuva vai piorar ainda mais a enchente
O nível do Rio Uruguai deve se elevar ainda mais no Médio Uruguai e no Noroeste do Rio Grande do Sul antes de escoar para a Fronteira Oeste porque deve chover muito na divisa gaúcha e catarinense na noite de hoje e durante esta quinta-feira com acumulados acima de 100 mm em alguns pontos.
Para a manhã de quinta-feira, a previsão é de muita chuva sobre o Noroeste e o Norte do Rio Grande do Sul, estendendo-se ao Oeste e ao Meio-Oeste de Santa Catarina, onde também pode chover localmente forte. A chuva prossegue no Norte gaúcho e na maior parte de Santa Catarina na tarde da quinta.
Estações do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres e do Instituto Nacional de Meteorologia no Rio Grande do Sul registram do começo da semana até o final da terça-feira acumulados de chuva de 216 mm em Frederico Westphalen, 154 mm em Alegrete, 149 mm em Passo Fundo, 148 mm em Palmeira das Missões, 144 mm em Soledade e São Vicente do Sul e 142 mm em Erechim.
Grande enchente já atinge o Noroeste
A enchente do Rio Uruguai já é de grandes proporções em cidades do extremo Noroeste do Rio Grande do Sul. Em Doutor Maurício Cardoso, na localidade de Ilhas do Chafariz, a água alcança a altura dos telhados das casas. As residências são de veraneio e os proprietários foram informados com antecedência da previsão de enchente e tiveram como retirar os seus pertences.
Ainda no Noroeste, o Rio Uruguai segue subindo em Porto Mauá. Todas as travessias de barca em Porto Mauá, Tiradentes do Sul e Porto Vera Cruz estão suspensas, assim como em Porto Xavier na região das Missões. Em Porto Mauá, as águas invadiram a aduana e comércios locais.
Em São Borja, o primeiro pico de cheia da semana passada tirou de casa 226 pessoas de 72 famílias. A maioria foi para casa de amigos e parentes. Mais de 15 bares e quiosques também tiveram que ser desocupados. No interior, as estradas municipais do Salso, Santa Luzia e Estiva foram interrompidas pelas águas da cheia do Uruguai.
Mais ao Sul da bacia, Itaqui decretou situação de emergência em razão da enchente. O número de pessoas atingidas chegou a 257, sendo 199 desalojados e 58 desabrigadas. A inundação alcançou 18 residências e fez 64 casas volantes de madeira serem tracionadas para locais elevados. Cinco famílias foram levadas ao Ginásio Humberto de Alencar Castelo Branco (Castelão) e outras 36 pessoas preferiram abrigar-se em casas de familiares.
Uruguaiana também decretou situação de emergência. Uruguaiana registrava 320 pessoas fora de suas casas entre desalojados – em casas de amigos ou parentes – e desabrigados, alocados nos Centros Esportivos Zona Leste e Nova Esperança. Os afetados pela enchente recebem apoio por parte da Prefeitura Municipal, Defesa Civil e Exército Brasileiro.