A grande maioria dos prognósticos indica que o fenômeno El Niño pode se instalar entre os meses do inverno e da primavera, mas, como a MetSul Meteorologia vem informando desde o final de 2022, é possível que o fenômeno chegue antes.
Nos últimos dias, a nossa avaliação se reforçou ainda mais quanto à possibilidade de um evento de El Niño na sua forma clássica ter início ainda no outono astronômico que começa nesta segunda-feira. Assim, o El Niño poderá vir mais cedo do que muitos acreditam.
O comportamento da temperatura no Oceano Pacífico será determinante para o clima neste outono. Neutralidade é frequentemente confundida com normalidade, mas pode trazer tanto extremos de El Niño como de La Niña. Com aquecimento maior e mais antecipado para esta nova estação, as projeções de chuva podem subestimar a precipitação no Centro da Argentina, Uruguai e Sul do Brasil.
Já se observa aquecimento das águas do Pacífico nas costas do Peru e do Equador e que tende a se acentuar no decorrer da estação, o que já gera uma condição de El Niño costeiro (evento local) e que mais tarde pode dar lugar a episódio de El Niño na sua forma clássica ou canônica de repercussão global.
O aquecimento das águas do Pacífico Leste, perto da América do Sul, um El Niño costeiro antes de um evento oficial de El Niño, que ocorre no Pacífico Centro-Leste, já deve impactar o clima no Sul do Brasil no decorrer da nova estação, tanto na chuva como na temperatura. Quando esta parte do oceano mais próxima do Peru e do Equador aquece, há uma tendência de aumento da chuva e da temperatura na parte meridional do Brasil.
Modelos de clima já começam a sinalizar esta tendência de o El Niño poder se antecipar e ter início ainda no primeiro semestre ou na virada do primeiro para o segundo. Para a metade do ano projetam a típica língua de águas mais quentes do que o normal clássica de episódios de El Niño.
Os especialistas têm muita cautela com projeções para o Pacífico nesta época do ano. Entre março e junho há o que se denomina de “barreira de previsibilidade” nas projeções para o Pacífico com confiabilidade baixa dos modelos. Agora, à medida que se sai de tal barreira, estas projeções se tornam mais confiáveis e os indicativos são de El Niño pela grande maioria das simulações.