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A primavera começou com o El Niño em intensificação no Oceano Pacífico Equatorial. O dados da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, mostram que o Pacífico Equatorial Centro-Leste segue aquecendo, o que confirma as projeções dos modelos climáticos que indicavam o fortalecimento do El Niño no final do inverno e durante a primavera.

NOAA

O mapa acima mostra o mapa de anomalias de temperatura da superfície do mar, de acordo com a NOAA, no dia 27 de setembro, assim na primeira semana da primavera. Observa-se a tradicional faixa de águas mais quentes do que a média, característica do El Niño, na região equatorial.

O último boletim semanal sobre o estado do Pacífico da agência climática dos Estados Unidos indicou que a anomalia de temperatura da superfície do mar era de 1,7ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central.

Trata-se do maior valor nesta área do Pacífico neste episódio de El Niño e a maior anomalia observada na região Niño 3.4 desde a semana de 9 de março de 2016, quando a anomalia nesta área foi de 1,8ºC. Esta região é a usada como referência para definir se há El Niño e qual a sua intensidade. O valor está na faixa de El Niño forte (+1,5ºC a +1,9ºC).

Por outro lado, a região Niño 1+2, estava com anomalia de +2,8ºC, em nível de El Niño costeiro muito forte junto ao Peru e Equador, aquecimento extremo do oceano na região que teve início no mês de fevereiro e que atingiu o seu máximo de intensidade durante o inverno. A maior anomalia de El Niño costeiro na região Niño 1+2 neste ano se deu na semana de 19 de julho com 3,5º C.

A agência de clima dos Estados Unidos declarou o El Niño ainda na segunda semana do mês de junho. O Bureau de Meteorologia (BoM), da Austrália, outro centro mundial de monitoramento do Pacífico, declarou o El Niño apenas agora em setembro por se valer de parâmetros de análise distintos dos norte-americanos.

Os australianos entendiam que, embora o critério de oceânico estivesse preenchido, a atmosfera ainda não estava respondendo como se estivesse em El Niño, o que, segundo o centro da Austrália, passou a ocorrer agora no mês de setembro. O El Niño trata-se de um fenômeno oceânico-atmosférico em que há alterações tanto das condições no mar como da atmosfera, impactando o clima em escala global.

Evolução do El Niño

Veja a evolução da intensidade do fenômeno El Niño semana a semana desde maio até agora, conforme dados semanais divulgados pela NOAA para a região Niño 3.4, e observe como o fenômeno ainda se intensifica no Oceano Pacífico:

03/05/2023: 0,4ºC
10/05/2023: 0,5ºC
17/05/2023: 0,5ºC
24/05/2023: 0,4ºC
31/05/2023: 0,8ºC
07/06/2023: 0,9ºC
14/06/2023: 0,9ºC
21/06/2023: 1,0ºC
28/06/2023: 0,9ºC
05/07/2023: 1,0ºC
12/07/2023: 1,1ºC
19/07/2023: 1,1ºC
26/07/2023: 1,2ºC
02/08/2023: 1,1ºC
09/08/2023: 1,2ºC
16/08/2023: 1,3ºC
23/08/2023: 1,5ºC
30/08/2023: 1,6ºC
06/09/2023: 1,6ºC
13/09/2023: 1,6ºC
20/09/2023: 1,7ºC

A fim de melhor compreender, anomalias entre 0,5ºC e 0,9ºC são de El Niño de fraca intensidade; entre 1,0ºC e 1,4ºC de moderada intensidade; de 1,5ºC a 1,9ºC de forte intensidade; e acima de 2,0ºC de muito forte intensidade ou Super El Niño.

No Super El Niño de 2015-2016, a maior anomalia semanal observada na região Niño 3.4 foi de 3,0ºC em 18 de novembro. Já no Super El Niño de 1997-1998, o máximo de anomalia nesta área do Pacífico atingiu 2,3ºC em dezembro de 1997 e no começo de fevereiro de 1998. No Super El Niño de 1982-1983, o máximo foi de 2,6ºC na última semana de 1982.

El Niño seguirá ganhando força

A tendência é de o fenômeno El Niño seguir influenciando o clima nos próximos meses no Brasil com excesso de chuva no Sul e seca na Amazônia, e ainda com perspectiva de as águas aquecerem mais na porção Centro-Leste do Pacífico com a consequente intensificação do fenômeno.

UNIVERSIDADE DE COLUMBIA

O gráfico acima mostra a projeção de todos os modelos climáticos dinâmico e estatísticos processados pela Universidade de Columbia (IRI) para os próximos meses. De acordo com o conjunto médio das projeções, o máximo de intensidade deste evento de El Niño seria alcançado entre dezembro e o começo de 2024.

Com base na média dos modelos climáticos dinâmicos, que possuem maior índice de acerto, o pico de intensidade deste episódio de aquecimento do Pacífico teria anomalia em torno de 2,0ºC, ou seja, no limiar de um El Niño forte a muito forte.