Um cenário desolador, estarrecedor, chocante e de desastre. Assim pode resumido o que a MetSul Meteorologia testemunhou nas ruas de Porto Alegre na tarde da quarta-feira. Percorremos durante horas, em meio à lama deixada pelo recuo das águas e o odor pútrido do esgoto ainda nas ruas, os bairros Floresta, São Geraldo e parte do Navegantes.
No começo, entre a Cristóvão Colombo e a Avenida Farrapos, visitamos o Colégio Marista São Pedro. As aulas na escola estão suspensas ao menos até o dia 27 de maio. No pátio, funcionários lavavam o piso pela grande quantidade de lama deixada com o recuo da inundação.
A grande enchente atingiu todo o primeiro piso do Colégio São Pedro, onde funcionam a recepção, secretaria e a sala de professores, além de outras instalações. Na entrada da escola pela Rua Álvaro Chaves, o vice-diretor do estabelecimento de ensino mostrava na parede a altura em que chegou a água: quase meio metro.
Na rua, em frente a prédios vizinhos da escola, grande quantidade de destroços podia ser vista. Eram móveis, colchões e utensílios domésticos perdidos na inundação de casas e apartamentos de andares térreos de edifícios.
Mais adiante, na Almirante Barroso e na São Carlos, as cenas se repetiam com grande número de móveis e objetos destruídos pela enchente empilhados nas calçadas. No outro lado da Avenida Farrapos, a Almirante Barroso ainda estava inundada e tomada de água no trecho entre a Santos Dumont e a Voluntários da Pátria. Cenário idêntico era visto no trecho da Álvaro Chaves no outro lado da Farrapos.
A caminho do bairro São Geraldo, a rua Conde de Porto Alegre somente era trafegável até a Rua do Parque, afinal nas quadras a seguir a inundação seguia. Também a Rua do Parque estava toda ela coberta pelas águas do Guaíba. Comerciantes retiravam de suas lojas as mercadorias perdidas e limpavam as calçadas cobertas de uma lama com forte odor de esgoto.
Quando chegamos na Avenida Presidente Roosevelt, chamadas pelos mais antigos ainda hoje de Avenida Eduardo, o panorama era desolador. O comércio local foi arrasado. De loja em loja mercadorias se aglomeravam na rua e nas calcadas com muitos produtos perdidos. O prejuízo para os pequenos comerciantes foi total.
Em meio ao odor pútrido do esgoto e uma quantidade impressionante de moscas, era impossível conter o pranto tamanha a destruição e o sofrimento dos comerciantes. A sede do histórico Clube Gondoleiros, na esquina da Rua Moura Azevedo, seguia cercada de água.
Na Avenida Farrapos, o corredor de ônibus estava ainda bloqueado. Nas ruas que cruzam a via, alagamentos e muito esgoto com lama. O ar era quase irrespirável em alguns pontos e as moscas dividiam o espaço com que ousasse caminhar pelo lamaçal podre e contaminado. Moradores recorriam a máscaras de enfermagem para se proteger do ar impuro. Na altura da agência do banco Itaú, perto da Buarque de Macedo, placas perdidas de carro estavam expostas junto à marca de água que atingiu praticamente meio metro.
O Quarto Distrito de Porto Alegre, região percorrida pela MetSul, compreende os bairros Floresta, Navegantes, Humaitá, São Geraldo e Farrapos. Vários pontos destes bairros ainda estão debaixo d´água. A situação é mais crítica em locais próximos da Avenida Voluntários da Pátria e nos bairros Farrapos e Humaitá.
A região, depois de décadas de decadência, vinha gradualmente se recuperando com novos negócios e uma vida cultural, mas o desastre da grande enchente de maio de 2024 ameaça novamente o futuro desta região tradicional da cidade de Porto Alegre.
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