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Chuva vai seguir e com volumes extremamente altos no Rio Grande do Sul. Cidades já inundadas podem ter mais 150 mm a 300 mm nesta segunda metade da semana. | CAMILA CUNHA/CORREIO DO POVO

As mais recentes projeções de chuva dos modelos numéricos, atualizadas no começo desta quarta-feira (1), sugerem um cenário dramático para o Rio Grande do Sul com acumulados extremamente altos de precipitação nas regiões mais castigadas por cheias e inundações, o que provocará uma situação de desastre de grandes proporções no estado gaúcho.

Os acumulados de chuva nos últimos cinco dias estão entre 300 mm e 500 mm em vários municípios do Centro e do Nordeste do Rio Grande do Sul, regiões em que os modelos de previsão do tempo globais e de alta resolução indicam mais 150 mm a 300 mm nas no restante desta semana e no fim de semana.

Por isso, estamos enfatizando que o quadro já grave deve partir para uma situação de gravidade extrema. O número de municípios em situação de emergência deve ser por demais elevado e muitos devem recorrer ao decreto de calamidade pública. O estado já soma oficialmente oito mortos e há mais de 20 desaparecidos.

O cenário é extremamente grave porque a instabilidade não vai deixar o Rio Grande do Sul tão cedo. Uma grande massa de ar seco e quente persistente com um bloqueio atmosférico no Centro do Brasi faz com que a umidade amazônica seja canalizada por áreas do interior da América do Sul em direção ao Sul até o Rio Grande do Sul e o Uruguai.

O ar úmido e instável vai seguir atuando no Sul do Brasil mesmo com a chegada de uma frente fria nesta quinta-feira, que não vai conseguir romper o bloqueio. E ar mais quente começa a retornar no final da semana, mantendo a instabilidade.

Como o ar quente tropical avança junto para Sul, forma-se uma combinação explosiva de umidade abundante com atmosfera muito aquecida, o que forma sucessivamente fortes a intensas áreas de instabilidade com volumes de chuva excessivos e temporais isolados com granizo e vendavais.

É absolutamente desolador ver o que está ocorrendo e saber que ainda vai piorar muito com base nos dados dos modelos, que foram muito precisos em indicar vários dias antes que o Rio Grande do Sul seria assolado por um episódio de chuva extraordinário.

Os mapas abaixo mostram as últimas projeções de chuva para 72 horas, entre 21h de terça e 21h de sexta, dos modelos de alta resolução WRF inicializados com os modelos norte-americano (GFS) e europeu (ECMWF). As projeções discrepam na distribuição espacial da chuva, mas ambas apontam volumes excessivos. Em nossa análise, o cenário apresentado pelo WRF ECMWF está mais próximo do que deve acontecer.

METSUL

Os modelos globais, disponíveis para consulta aqui, apresentam cenário muito parecido. Os mapas abaixo mostram as projeções de chuva dos modelos canadense (CMC), Europeu (ECMWF) e alemão (Icon) para cinco dias a partir das 21h de terça-feira.

METSUL

METSUL

METSUL

Como se observa na média das simulações computadorizadas, não apenas vai seguir chovendo como vai chover demais. Os dados indicam que localidades do Centro para o Norte do estado serão as mais afetadas com chuva neste intervalo de 5 dias de 150 mm a 300 mm.

Estas áreas de chuva excessiva a extrema são justamente as regiões mais afetadas por inundações no momento, como o Centro do estado, os vales, a Grande Porto Alegre e a Serra Gaúcha. Não bastasse, o indicativo de chuva excessiva na Serra é extremamente grave porque na região serrana nascem vários dos rios que descem para os vales, como Caí, Paranhana e Taquari.

Assim, alguns rios que baixam lentamente, como o Taquari que desce após ter batido em 27 metros em Estrela, e outros que ainda sobem, como Caí que enfrenta uma das maiores cheias da história, tendem a se elevar com a quantidade de chuva que cai hoje e ainda cairá nos próximos dias.

Da mesma forma, é por demais preocupante o indicativo de chuva excessiva no Centro e no Norte do estado. O Centro gaúcho é onde mais choveu até agora com volumes generalizados de 300 mm a 500 mm e por onde passa o Rio Jacuí. Além disso, haverá uma piora do quadro na Grande Porto Alegre com inundações em ainda mais pontos da área metropolitana.

No caso do Norte do Rio Grande do Sul, na região do Planalto, porque se trata da nascente do Jacuí, que já anotou chuva extrema a extraordinária nas partes intermediária e final da bacia, mas ainda não registrou chuva volumosa nas nascentes. Isso sinaliza uma piora do quadro no Centro do estado e agrava a probabilidade de uma cheia do Guaíba de maior dimensão.

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