Anúncios

Moradores do Quarto Distrito de Porto Alegre enfrentaram uma noite de segunda-feira e uma madrugada de terça-feira como jamais havia se visto desde as enchentes de 1965 e 1967, antes da construção do sistema de contenção de cheias da cidade que instalou o dique da Castelo Branco, as comportas sob o dique e as casas de bombas da região.

O sistema de contenção falhou na noite de ontem quando uma das comportas cedeu e permitiu que as águas do Guaíba invadissem vários quarteirões do Quarto Distrito, causando alagamentos e inundações, além de levar medo aos moradores da região que viram as águas do Guaíba alcançar as portas de suas casas.

O Guaíba extravasou pela comporta de contenção da área, que cedeu com a pressão de água. Equipes da prefeitura – EPTC, DMAE e com apoio da CCR Viasul tentavam estancar o vazamento da comporta de número 13, localizada no antigo acesso de trilhos para o Porto de Porto Alegre, informou a reportagem do jornal Correio do Povo.

O jornalista Jonathas Costa, que estava na comporta, relatou servidores da Prefeitura tentando colocar areia e contenções para minimizar as inundações. As águas do Guaíba seguiam extravasando e tomavam várias ruas e quarteirões, além de alagar com mais de metro de altura os trilhos do Trensurb. Um carro estava praticamente submerso ao ficar preso na inundação nas imediações da Igreja Navegantes.

A equipe da MetSul Meteorologia percorreu a região do Quarto Distrito no momento em que as águas invadiam a região no final da segunda-feira e no começo da madrugada de hoje. O que vimos jamais havia sido testemunhado em nenhuma enchente da história recente.

Normalmente, em grandes cheias, um pequeno trecho entre a Voluntários da Pátria, Missões e Polônia alaga porque a água reflui naquele ponto pela rede de esgotos. Foi o que se viu em 2015, 2016 e neste ano. Ontem à noite, entretanto, as águas tomavam uma enorme áreas em dezenas de quarteirões, especialmente perto da Voluntários da Pátria, entre a São Pedro e a Igreja Navegantes.

A Avenida Voluntários da Pátria estava tomada de água entre a Avenida São Pedro e a antiga Ponte do Guaíba, na altura da Igreja Navegantes. No trecho entre a Avenida Cairu e a ponte, o alagamento era tão grave que não permitia a passagem de veículos leves pela região.

Vias que nunca inundam ou alagam em enchentes como a Cairu, Brasil e Pátria estavam com muita água nos pontos próximos da Voluntários da Pátria, no primeiro e segundo quarteirões após a Voluntários. Horas antes, à tarde, a MetSul já havia percorrido estas ruas e não havia nada de água acumulada. A inundação veio muito rapidamente depois que a comporta cedeu.

A MetSul viu moradores tarde da noite percorrendo as ruas do bairro e fora de suas casas olhando o avanço das águas e controlando bueiros e bocas de lombo, por onde a água também extravasa e alagava as ruas. Moradores mais antigos afirmavam que desde os seus tempos de juventude, nos anos 60, não viam tanta água na região.

A enchente assumiu tamanha proporção podia ser visto água saindo pelas bocas de lobo até mesmo na Avenida Presidente Roosevelt, a apenas uma quadra da Avenida Farrapos, distante do Guaíba. Há mais de 60 anos não se viam estas cenas na área. Ponto em que o Guaíba extravasava pela rede pluvial era na esquina com a Avenida França, gerando um pequeno acúmulo de água.

Com a inundação dos trilhos pela enchente do Quarto Distrito, as operações do metrô seguem prejudicadas. São três estações fechadas pela Trensurb: Mercado, Rodoviária e São Pedro. Com a inundação da enchente, os trens circulam somente entre as estações Farrapos e Novo Hamburgo.

No momento em que as águas invadiram o Quarto Distrito, o nível do Guaíba estava em 3,35 metros. Subiu até 3,44 metros durante a madrugada. Trata-se de maior cheia na cidade nos últimos 82 anos, superando as de 1967 e setembro de 2013. Desde a grande enchente de 1941 o Guaíba não se elevava tanto em Porto Alegre.

Maiores enchentes em Porto Alegre entre 1940 e 2023

1 – 4,76 metros: enchente de abril e maio de 1941

2 – 3,44 metros (parcial): enchente de novembro de 2023

3 – 3,18 metros: enchente de setembro de 2023

4 – 3,13 metros: enchente de setembro de 1967

5 – 2,97 metros: enchente de outubro de 2015

Por que a cheia histórica? Todos os rios que desembocam no Guaíba apresentam cheia e três deles (Taquari, Caí e Sinos) registram cheias de grandes proporções. Taquari e o Caí estão com quadros de cheias históricas. O Jacuí, maior contribuinte, também apresenta cheia entre Cachoeira do Sul e Triunfo com tendência de se elevar ainda mais.

A MetSul Meteorologia está nos canais do WhatsApp. Inscreva-se aqui para ter acesso ao canal no aplicativo de mensagens e receber as previsões, alertas e informações sobre o que de mais importante ocorre no tempo e clima do Brasil e no mundo, com dados e informações exclusivos do nosso time de meteorologistas.