O que esperar do clima em agosto? O oitavo mês do ano é o terceiro e último do trimestre do inverno climático, a despeito da estação fria terminar pelo critério astronômico apenas na segunda metade de setembro. Gradualmente, alguns traços climático da primavera começam a aparecer.
O mês, assim, é o que costuma ter temperatura média mais alta no trimestre climatológico de inverno, sendo menos frio nas normais históricas que junho e julho. Em Porto Alegre, a temperatura mínima média do mês é de 11,6ºC, acima das de junho (11,3ºC) e julho (10,4ºC). A média máxima mensal é de 21,8ºC, superior às médias de junho (20,3ºC) e de julho (19,7ºC). A precipitação média mensal é de 120,1 mm, a menor entre os meses da estação, uma vez que junho tem média de chuva no mês de 130,4 mm e julho 163,5 mm.
Na cidade de São Paulo, a mínima média do mês é de 13,3ºC, superior a de julho (12,8ºC), mas inferior a de junho (13,5ºC). Já a média das máximas em agosto na capital paulista é de 24,5ºC, a mais alta dos meses do inverno, superior às de junho e julho, ambos com 22,9ºC. Por sua vez, a precipitação média mensal de agosto na capital paulista é de apenas 32,3 mm, a menor entre todos os meses do ano por ser o pico da estação seca.
Alguns chamam agosto de o mês do desgosto. Outros de o mês do cachorro louco. Fato é que também no clima agosto não é um mês ordinário. Costuma ser marcado por toda a sorte de extremos no tempo, seja na temperatura como em precipitação no Sul do Brasil.
O mês no passado já teve grandes enchentes, como as que castigaram a Metade Norte do Rio Grande do Sul em 1965. E grandes nevadas, como a enorme de 1965 no Sul do Brasil, a de 1984 que trouxe neve até em Porto Alegre, e a mais recente de 2013, a maior neste século até agora no Sul do Brasil.
No Brasil Central, historicamente, agosto é o pico da estação seca e é marcado como um mês de muito baixa umidade do ar com escassa precipitação e tardes não raro excessivamente quente em estados principalmente do Centro-Oeste com máximas acima de 40ºC, sobretudo no Mato Grosso.
A combinação de prolongada falta de chuva, umidade baixa e tempo quente favorece aumento das queimadas. No Cerrado, agosto é o mês com a segunda maior média mensal de queimadas do ano. O mesmo ocorre no Pantanal. Nos dois biomas, setembro tem a maior média de focos de calor entre todos os meses do ano.
Nos Campos de Cima da Serra do Rio Grande do Sul e no Planalto Sul Catarinense, agosto é um mês de queima frequente do campo e que é usada como controversa técnica, o que traz fumaça nas cidades destas regiões e avança não raramente para outras áreas dos dois estados, como o litoral.
Condições do Pacífico
O mês de agosto vai transcorrer sob a influência do fenômeno El Niño, cujo episódio se iniciou no mês de junho. A tendência no decorrer do mês é de intensificação do El Niño no Pacífico com aquecimento maior das águas do Pacífico Equatorial Centro-Leste.
O último boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), dos Estados Unidos, indicou que a anomalia de temperatura da superfície do mar era de 1,1ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central. O valor está na faixa de El Niño moderado (+1,0ºC a +1,4ºC).
Por outro lado, a região Niño 1+2, estava com anomalia de +3,5ºC, em nível de El Niño costeiro muito intenso (Super El Niño) junto ao Peru e Equador, aquecimento extremo do oceano na região que teve início no mês de fevereiro.
Segundo levantamento da MetSul Meteorologia, desde o Super El Niño de 1997-1998 o Pacífico Equatorial Leste, a chamada região Niño 1+2, não apresentava anomalias de temperatura da superfície do mar tão altas.
Chuva em agosto
Agosto é tradicionalmente um mês mais chuvoso ao Sul do Brasil, sobretudo no Rio Grande do Sul, uma vez que o Paraná nesta época tem regime de precipitação que se aproxima mais do clima do Centro do Brasil com menos precipitação.
A tendência é que agosto neste ano tenha precipitação perto ou acima da média na maioria das áreas do Sul do Brasil. A MetSul Meteorologia alerta, inclusive, para o risco de alguns locais terem excesso de precipitação com volumes de chuva no mês muito acima da média. Isso pode levar a cheias de rios e enchentes. Mais ao Sul gaúcho, a perspectiva pelos dados é de chover menos.
Os maiores acumulados de chuva devem se dar entre a Metade Norte gaúcha e o Paraná. Em muitas cidades desta área, a chuva no mês pode ficar entre 200 mm e 300 mm, mas alguns locais pode ter acumulados tão altos quanto 3000 ou até mais. Considerando as média históricas de precipitação, onde a chuva deve ficar mais acima da média é entre Santa Catarina e no Paraná.
Sobressai nas projeções dos modelos de clima o indicativo de mais chuva que costuma se dar habitualmente em muitas áreas do Centro-Oeste e do Sudeste do Brasil. Agosto marca o auge da estação seca nesta parte do território brasileiro e vários pontos destas regiões podem ter precipitação acima a muito acima do que costuma ocorrer no mês, especialmente em áreas do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro. Pontos do Mato Grosso e de Minas Gerais podem ter também chuva acima da média.
Temperatura em agosto
Agosto é um mês de grande variabilidade térmica no Sul do Brasil com dias frios a muito frios e outros de temperatura alta é até calor. São normais radicais mudanças de temperatura em curto período em alguns dias gelados que, no passado, trouxeram até nevadas fortes.
No Centro-Oeste e em muitos locais do Sudeste, em especial os mais afastados da costa, o mês costuma ter muitos dias quentes pela estação seca. No Centro-Oeste, principalmente, como no Mato Grosso, são comuns muitos dias de excessivo calor com marcas perto ou acima de 40ºC.
A tendência no Sul do Brasil é de um mês sem frio persistente ou que possa se considerado frio. Não repetirá o absurdo agosto de 2012 com altíssima frequência de dias de calor e vários por demais quentes, mas terá jornadas de temperatura alta.
Desenha-se um mês mais ao Sul do Brasil em dois tempos. A primeira quinzena deve ser mais quente com alguns dias de calor, até forte para esta época do ano, ao passo que a segunda metade do mês deve ser mais fria e possivelmente com algumas madrugadas geladas, embora alguns dias na segunda metade do mês possam ter marcas altas.
No começo do mês, na primeira semana de agosto, uma massa de ar excepcionalmente quente vai se instalar no Norte da Argentina e no Paraguai, o que vai trazer dias de temperatura muito alta no Sul do Brasil, especialmente mais a Oeste da região.
O Centro-Oeste vai ter um agosto de temperatura acima a muito acima da média. Os primeiros dez dias do mês na região serão de calor intenso a excessivo com a grande maioria dos dias apresentando marcas perto ou acima de 40ºC no Mato Grosso e ao redor ou acima de 35ºC no Mato Grosso do Sul. Onde o calor pode mais fugir às médias no mês é em parte do Mato Grosso e em Goiás.
No Sudeste, o calor será sentido com mais força durante o mês no interior de São Paulo e no Oeste de Minas Gerais, na região do Triângulo, com dias de muito baixa umidade e temperatura bastante alta, alguns excessivamente quentes. Marcas perto de 40ºC em alguns municípios são possíveis.
Na costa do Sudeste e áreas próximas, como a cidade de São Paulo, a temperatura se eleva com dias quentes na primeira semana, mas na segunda semana do mês haverá a chegada de frente fria com chuva e queda de temperatura, mas logo torna a aquecer. Na segunda metade de agosto, a influência de ar mais frio no Sul do Brasil deve trazer vários dias mais agradáveis nesta parte do Sudeste.
Mês de temporais
Estados mais ao Sul do Brasil, principalmente o Rio Grande do Sul, costumam ter um aumento dos temporais a partir de agosto pela maior variação de massas de ar frio e quente na comparação com junho e julho e à medida que se aproxima a primavera. Há um incremento, em especial, das ocorrências de granizo, mas cresce também o risco de vendavais e de episódios de chuva muito intensa em curto período com alta frequência de raios.
Com temperatura em muitos momentos acima da média e uma maior perspectiva de chuva, com grande número de áreas acima da média, e ainda o ingresso de incursões de ar mais frio, há o risco de que agosto neste ano no Centro-Sul do Brasil registre uma frequência de temporais acima do habitual neste ano.
O mês ainda tem um histórico de ciclones extratropicais mais intensos nas latitudes médias do Atlântico Sul, o que favoreceu fortes incursões de ar polar e episódios de neve do passado que foram expressivos. Em agosto neste ano, entretanto, como é normal, ciclones vão se formar no Atlântico Sul. A tendência é que estes ciclones se formam principalmente do Rio da Prata para o Sul, sobretudo na costa da Patagônia. O padrão da Oscilação de Madden-Julian pode favorecer mais ciclones no Atlântico Sul no decorrer do mês.