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O inverno climático ou meteorológico, que é usado na climatologia por ser um período fixo e não uma data móvel como pelo critério astronômico, teve início no primeiro dia de junho e vai até 31 de agosto. Já o inverno astronômico que começa com o solstício se inicia nesta sexta-feira, 20 de junho, às 23h42.

Neve que marcou presença no fim de maio tem alta probabilidade de voltar a cair no Sul do Brasil neste inverno com tendência de ser uma estação mais fria que nos últimos dois anos | LUAR DOS CÂNIONS/DIVULGAÇÃO

O inverno de 2025 se inicia sob condições de neutralidade no Oceano Pacífico Equatorial e que devem persistir durante grande parte da estação, mas no fim do inverno pode ser observado um resfriamento das águas superficiais, embora um evento de La Niña seja improvável na estação.

Conforme a última atualização mensal do Centro de Previsão Climática (CPC) da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA) em parceria com a Universidade de Columbia, dos Estados Unidos, é de 73% a probabilidade de o trimestre de inverno (junho a agosto) ser com neutralidade.

A anomalia de temperatura da superfície do mar no momento é de 0,0ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central, que é usada oficialmente para definir se há El Niño ou La Niña, portanto neutralidade absoluta.

Já na costa da América do Sul, nos litorais do Peru e do Equador, na chamada região Niño 1+2, que impacta a chuva e a temperatura no Sul do Brasil, a anomalia de temperatura da superfície do mar atual é de 0,5ºC.

O inverno marca o período mais frio do ano no Centro-Sul do Brasil. As jornadas mais frias costumam ocorrer sob influência de ciclones extratropicais intensos no Atlântico Sul e que são responsáveis por impulsionar massas de ar muito gelado para o Sul do país.

Quando o frio está acompanhado de ciclone potente, é comum os gaúchos terem o vento Minuano, sensação térmica negativa, mínimas muito baixas, geada ampla e em alguns casos neve.

Ocorre que, mesmo durante o inverno, são normais dias com calor em qualquer mês da estação, especialmente durante agosto e setembro, e 2024 não fugirá à regra. A transição de períodos amenos ou quentes para frios pode se dar bruscamente com alto risco de tempo severo na forma de temporais com vento forte e granizo, especialmente se estiver presente um fenômeno conhecido como corrente de jato de baixos níveis, que traz ar quente e vento Norte com forte intensidade antecedendo a chuva e os temporais.

Essas correntes de vento quente a cerca de 1500 metros de altitude são comuns horas antes da chegada de frente fria intensa associada a um grande ciclone e podem trazer temperatura muito alta mesmo à noite e calor durante o dia.

Em todos os anos se verifica este tipo de cenário em nos casos mais extremos há formação de tornados, como se viu em diversos invernos do passado. Agosto e setembro, quando se espera maior incidência de ar quente, tendem a ser os meses de maior risco de temporais e episódios de tempo severo. São os meses, historicamente, que marcam um aumento na frequência de tempestades de granizo e de vendavais.

Sob intensos ciclones acompanhando massas de ar frio de maior intensidade, o vento pode ser muito forte no Rio Grande do Sul com rajadas perto ou acima de 100 km/h no Sul e no Leste gaúcho que proporcionam ainda grandes ressacas marítimas no litoral.

Em anos de Pacífico neutro ou mais frio do que a média, como se espera nos próximos meses, há menos temporais que sob El Niño, mas quando ocorrem não raro são muito intensos pelo avanço tardio de massas de ar frio que encontram o ar mais quente de fim de inverno e a primavera. Observa-se ainda uma maior frequência de granizo, especialmente em agosto e setembro.

Como será a chuva no inverno

O inverno é o período mais chuvoso do ano no Rio Grande do Sul juntamente com a primavera enquanto no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil se dá o oposto com o período mais seco e de menores índices de precipitação da climatologia anual.

Modelos de previsão climática divergem enormemente quanto à precipitação para o Centro-Sul do Brasil nos próximos três meses, mas, no geral, a maior parte do Centro do Brasil deve ter chuva perto ou abaixo da média no Sudeste e no Centro-Oeste. Áreas mais a Oeste ao Sul do Mato Grosso do Sul assim como do Sul de São Paulo e do Espírito Santo podem ter chuva perto ou acima da média.

Projeção de anomalia de chuva do modelo britânico para o trimestre julho a setembro. O mapa é meramente ilustrativo e não necessariamente representa o prognóstico da MetSul Meteorologia. | METSUL

Projeção de anomalia de chuva do modelo ensemble NMME dos Estados Unidos e Canadá para o trimestre julho a setembro. O mapa é meramente ilustrativo e não necessariamente representa o prognóstico da MetSul Meteorologia. | METSUL

O Sul do Brasil, ao contrário, deve ter chuva acima da média na estação nos três estados da região com os maiores desvios positivos esperados no Rio Grande do Sul, onde parte do estado terá uma estação com chuva muito acima da climatologia histórica.

É importante destacar que, se considerado o inverno climatológico entre 1º de junho e 31 de agosto, que é o período usado na climatologia para cálculo de médias de estação (sazonais), apenas o que choveu nestes primeiros 19 dias de junho até agora já supera a média histórica do inverno inteiro em várias cidades do Centro para o Oeste do Rio Grande do Sul com acumulados de 400 mm a 500 mm.

Assim, mesmo que chova muito pouco ou nada no fim de junho, em julho e agosto, o que não é nossa previsão, já é certeza que parte do Rio Grande do Sul terminará o chamado inverno climatológico com precipitação acima da média pelo que já caiu agora em junho, mês que será o mais chuvoso do trimestre de inverno.

Assim, o prognóstico da MetSul Meteorologia indica para julho e agosto volumes mais baixos que os deste mês de junho na maior parte das cidades do Rio Grande do Sul, embora possam ocorrer períodos de precipitação mais volumosa, especialmente durante os meses de agosto e setembro, que historicamente costumam ter períodos de forte instabilidade com dias de altos volumes de precipitação.

Temperatura no inverno

Junho e julho, historicamente, são os meses de temperatura mais baixa do inverno no Centro-Sul do Brasil enquanto agosto e setembro tendem a ter temperatura mais alta, inclusive com alguns dias de forte a intenso calor que lembram jornadas de verão com marcas perto ou acima de 35ºC.

Tais episódios com alta temperatura costumam preceder eventos de tempo severo no Sul do Brasil, atestando a percepção popular que calor no inverno costuma anteceder tempestades e às vezes de grande intensidade.

A alternância de calor e frio é maior nos meses de agosto e setembro, o que tende a levar a bruscas mudanças de temperatura com vento e não raro com tempestades severas. Isso piora não apenas o risco de tempo severo assim como de danos para a fruticultura por oscilações radicais de calor para frio e vice-versa.

Projeção de anomalia de temperatura do modelo europeu SEAS-5 para o trimestre julho a setembro. O mapa é meramente ilustrativo e não necessariamente representa o prognóstico da MetSul Meteorologia. | METSUL

A tendência é de um inverno mais frio que o do ano passado no Rio Grande do Sul, mas não de frio persistente. Haverá períodos de temperatura mais agradável e até calor em agosto e setembro, como ocorre na esmagadora maioria dos anos.

No caso do Rio Grande do Sul, uma observação importante. Embora junho transcorra todo ele no chamado inverno climático, dois terços do mês estão no outono pelo critério do inverno astronômico. Com o que já se registrou de temperatura neste mês e se espera para a última semana do mês, é muito possível que este junho seja o mês mais frio do ano no Rio Grande do Sul, com julho e agosto apresentando médias mais altas.

Isso não significa ausência de frio e sim que o frio deve ser menos persistente que o visto agora em junho. Massas de ar frio de forte intensidade continuarão chegando ao Sul do Brasil na estação com geada, mas a neve somente é possível se prever em muito curto prazo, apesar de ser muito possível que se repita com base nas projeções de anomalias de temperatura.

Nesse sentido, a tendência é de um inverno com temperatura perto da média no Rio Grande do Sul com possibilidade se ser mais frio que o normal em parte do estado, como em pontos do Oeste e do Sul gaúcho. Em Santa Catarina e no Paraná, a estação deve ter temperatura sem grandes desvios da média em muitas cidades, mas no território paranaense é provável que a temperatura fique ao menos um pouco acima da média.

No Centro do Brasil, a maior parte do Centro-Oeste deve ter temperatura acima ou muito acima da média com os maiores desvios em Goiás e no Mato Grosso. A região poderá ter períodos de calor muito intenso, inclusive acima de 40ºC, no final da estação com incêndios no Pantanal e no Cerrado, mas em número menor que no último ano.

No Sudeste do Brasil, o interior de São Paulo (especialmente do Centro para o Norte) e o Centro, Oeste e o Triângulo Mineiro em Minas Gerais devem ter um inverno em que a temperatura deve ficar acima da média. Já no Sul e no Leste de São Paulo, no Rio de Janeiro, no Leste mineiro e no Espírito Santo, por influência de massas de ar frio com trajetória marítima, a temperatura deve ficar mais perto da média com desvios pouco negativos ou positivos, conforme a localidade.

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